O abraço da esperança
O crescimento do número de transplantes de órgãos e tecidos no Brasil, nos últimos dez anos, revela a ampliação do número de doadores e, consequentemente, a nova visão que se estabelece sobre o tema e suas consequências no âmbito da saúde pública e da preservação da vida.
Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (dados Portal da Saúde do SUS) são 1.376 equipes médicas autorizadas, em 548 estabelecimentos de saúde, presentes em 25 estados da nação. Um dado surpreendente quando se fala no tabu que durante muitos anos foi alimentado no país.
Mas o que a simbologia do tema, traçada em um laço verde, pode nos revelar?
E na pretensão poética de ampliar a visão temática um texto que nos faz refletir...
“O que posso mais querer de mim que não seja deixar aquilo que se tornou prescindível quando me despedi? Só me resta a concessão. Assim, um pouco de tudo que constituí ficará presente naquele que conserva a vida por mim... E se não é milagre (como creio), é uma faísca dele...”
O ABRAÇO DA ESPERANÇA
Em uma definição estritamente técnica e científica o corpo é a constituição do ser vivo, a sua materialização. Do ponto de vista espiritual adere ao conceito de forma física que guarda a alma, uma capa, armadura.
E se debruçando no desejo de reduzir o corpo a um conceito que traga ao coração uma visão pura de ternura, temos um presente... Um traço singular e palpável que nos confere sentidos, por meio de órgãos e tecidos, para apreender o que nos alenta, um suntuoso contorno de monopólio imediato, mas cujo controle de dissipação não nos compete.
Sem a propriedade que apresaria o desejo de se desligar, o corpo então, em sua essência, não poderia ser nada além, do que um sopro de esperança, devolvido e partilhado, já que nunca foi seu, era emprestado; amado e multiplicado, dividido em órgãos, tecidos e sentimentos; ressurgido e carimbado, uma esperança de abraço, um documento assinado, um verdadeiro dom, um ser fragmentado, mas com tudo interligado.
Se não mais cantaremos uma canção, se o médico não ouvir as batidas do coração, se as lágrimas secarem e se sobrar saudade e solidão, não resta nenhuma vaidade, a ordem é a concessão.
E aquele coração, que por fortaleza tamanha não quer parar de ralar, precisa outro espaço adotar, outra vida, quem sabe, devolver sem sustar?
Os rins que filtraram aquilo que não havia de tomar, cada vez mais limpos, embora entupidos possam ficar... E se não forem reaproveitados naquilo que aprenderam realizar, ficarão antiquados, e sua função perderão.
Os pulmões que trouxeram ar e foram no outro suspiro buscar, traduziram sentimentos, fizeram com que se perdesse no ar... Os sentimentos de alegria, de raiva e de emoção deram visibilidade, mas se não entram em ação, para que mais servirão, se não for pra soprar vento a um vulcão, em erupção... Coração!
A usina de processamento desse equipamento milenar (corpo) ele armazena, transforma e descarrega. Guarda a água da vida, reservatório que lembra um prisma, bastante ovulado. Se o fígado tivesse coração decerto o cederia também.
Se é pra devolver sentido ao olhar (córneas), se é pra fazer o sangue correr nas veias (medula óssea), se é para dar maciez à capa (pele), se é para evitar que até os ossos entre em atrito, pois somos da paz (cartilagem); se é para permitir movimento de fortaleza (ossos); e se é para ver o vermelhinho fervendo (sangue) tudo vale a pena.
A doação não é uma escolha fácil, nada nessa vida seria, mas se uma estranha força te impulsionasse e o levasse para além da vida e numa visão de cima, olhando para si mesmo e para uma alma quase fria, o que esperaria com caridade de alguns que te devolveria a alegria?
Apenas um sorriso concessivo, porque aquele que tem o poder de salvar uma vida torna-se um pouco divino... E para os anjos, há sempre um jardim florido... E uma necessidade de amar as pessoas como se o amanhã não lhe pertencesse...
É vida que brota da vida, é vida que nasce do amor...
Permita-se dar a voz... Permita-se ser a voz. E o silêncio só se dará como homenagem...
DOE ORGÃOS E TECIDOS. A VIDA RENASCE EM SEU NOME...
O crescimento do número de transplantes de órgãos e tecidos no Brasil, nos últimos dez anos, revela a ampliação do número de doadores e, consequentemente, a nova visão que se estabelece sobre o tema e suas consequências no âmbito da saúde pública e da preservação da vida.
Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (dados Portal da Saúde do SUS) são 1.376 equipes médicas autorizadas, em 548 estabelecimentos de saúde, presentes em 25 estados da nação. Um dado surpreendente quando se fala no tabu que durante muitos anos foi alimentado no país.
Mas o que a simbologia do tema, traçada em um laço verde, pode nos revelar?
E na pretensão poética de ampliar a visão temática um texto que nos faz refletir...
“O que posso mais querer de mim que não seja deixar aquilo que se tornou prescindível quando me despedi? Só me resta a concessão. Assim, um pouco de tudo que constituí ficará presente naquele que conserva a vida por mim... E se não é milagre (como creio), é uma faísca dele...”
O ABRAÇO DA ESPERANÇA
Em uma definição estritamente técnica e científica o corpo é a constituição do ser vivo, a sua materialização. Do ponto de vista espiritual adere ao conceito de forma física que guarda a alma, uma capa, armadura.
E se debruçando no desejo de reduzir o corpo a um conceito que traga ao coração uma visão pura de ternura, temos um presente... Um traço singular e palpável que nos confere sentidos, por meio de órgãos e tecidos, para apreender o que nos alenta, um suntuoso contorno de monopólio imediato, mas cujo controle de dissipação não nos compete.
Sem a propriedade que apresaria o desejo de se desligar, o corpo então, em sua essência, não poderia ser nada além, do que um sopro de esperança, devolvido e partilhado, já que nunca foi seu, era emprestado; amado e multiplicado, dividido em órgãos, tecidos e sentimentos; ressurgido e carimbado, uma esperança de abraço, um documento assinado, um verdadeiro dom, um ser fragmentado, mas com tudo interligado.
Se não mais cantaremos uma canção, se o médico não ouvir as batidas do coração, se as lágrimas secarem e se sobrar saudade e solidão, não resta nenhuma vaidade, a ordem é a concessão.
E aquele coração, que por fortaleza tamanha não quer parar de ralar, precisa outro espaço adotar, outra vida, quem sabe, devolver sem sustar?
Os rins que filtraram aquilo que não havia de tomar, cada vez mais limpos, embora entupidos possam ficar... E se não forem reaproveitados naquilo que aprenderam realizar, ficarão antiquados, e sua função perderão.
Os pulmões que trouxeram ar e foram no outro suspiro buscar, traduziram sentimentos, fizeram com que se perdesse no ar... Os sentimentos de alegria, de raiva e de emoção deram visibilidade, mas se não entram em ação, para que mais servirão, se não for pra soprar vento a um vulcão, em erupção... Coração!
A usina de processamento desse equipamento milenar (corpo) ele armazena, transforma e descarrega. Guarda a água da vida, reservatório que lembra um prisma, bastante ovulado. Se o fígado tivesse coração decerto o cederia também.
Se é pra devolver sentido ao olhar (córneas), se é pra fazer o sangue correr nas veias (medula óssea), se é para dar maciez à capa (pele), se é para evitar que até os ossos entre em atrito, pois somos da paz (cartilagem); se é para permitir movimento de fortaleza (ossos); e se é para ver o vermelhinho fervendo (sangue) tudo vale a pena.
A doação não é uma escolha fácil, nada nessa vida seria, mas se uma estranha força te impulsionasse e o levasse para além da vida e numa visão de cima, olhando para si mesmo e para uma alma quase fria, o que esperaria com caridade de alguns que te devolveria a alegria?
Apenas um sorriso concessivo, porque aquele que tem o poder de salvar uma vida torna-se um pouco divino... E para os anjos, há sempre um jardim florido... E uma necessidade de amar as pessoas como se o amanhã não lhe pertencesse...
É vida que brota da vida, é vida que nasce do amor...
Permita-se dar a voz... Permita-se ser a voz. E o silêncio só se dará como homenagem...
DOE ORGÃOS E TECIDOS. A VIDA RENASCE EM SEU NOME...