Uma mente inquieta, curiosa, ávida pelo prazer que o aprendizado proporciona, sempre mais livros que bonecas, com a necessidade de experimentar muitas coisas diferentes, sem medo de mergulhar de cabeça nem de ter que seguir adiante.
Minha essência é essa mesmo, mas tem que fazer muito sentido e agregar valores para despertar meu interesse.
E a comunicação não violenta não surgiu do nada, tem uma história que remonta de anos e anos, de um tempo em que não havia computador nem zap para criar comunidades, grupos de apoio e suporte. Mesmo assim o ser humano criou uma forma de cuidar um do outro, de se preservar e unir forças, e isso sempre fez parte da vida e eu sinto essa necessidade.
Eu gosto de gente. De pessoas, de bichos e de livros; eu cresci ouvindo histórias da minha avó, da bisavó, de mulheres que moravam no meio do mato, no alto do morro; fui criada por avó e ajudante cozinheira, rezadeira e lavadeira. Sou do tempo que criança tinha quebranto, espinhela caída e ventre virado, de tardinha as mães faziam fila e Dona Maria rezava com galho de arruda.
Minha avó teve tuberculose ainda jovem e perdeu um pulmão;
então Dona Maria foi morar conosco para ajudar nas tarefas. Eu escutava tudo, de receita de bolo a programas de rádio que tocavam músicas, notícias e até histórias de assombrações e coisas estranhas.
Acho que que comecei escrever muito nova, talvez para registrar essas memórias de um tempo em que não havia nada melhor do que sentar na varanda e conversar, sentir a brisa fresca e jogar conversa fora. Naquela época as mulheres eram unidas, trocavam conselhos e se ajudavam; minha casa vivia cheia de visitas aos domingos, as pessoas se visitavam e vinham tomar café. Hoje ninguém convida para almoçar, lanchar ou tomar um café, todos andam muito ocupados.
Nos encontramos nos workshops e cursos, fazemos contato nesses lugares, trocamos endereços das redes socais e viramos amigos virtuais. Provavelmente eu nunca mais terei qualquer outro contato além das fotos e likes.
De vez em quando alguém posta que está sofrendo, ou participa alguma perda, e eu escrevo que sinto muito sem perguntar a razão; e se essa pessoa postar nas redes sociais que sente-se triste, um monte de gente responde com outra carinha emoji. Ninguém pede para ligar, convida para um café, oferece para escutar. São só as benditas carinhas: emoji feliz, emoji triste, emoji sorrindo e emoji orando!
Existe uma proposta diferente que se baseia em criar sistemas de apoio, isso é simplesmente voltar a ter amizades. Achei o máximo me aproximar de pessoas, conversar e experimentar essa troca, estava em um ambiente seguro e fazendo uma imersão em CNV- Comunicação Não Violenta.
Achei legal o convite para trocar o numero do meu telefone com os colegas do curso, gente que por alguma razão senti vontade de conhecer melhor. Só que tive muita dificuldade e só fiz isso com três pessoas que estavam sentadas ao meu lado, foram dois dias aprendendo com Dominic Barter, ouvindo tanta coisa sobre comunicação não violenta, conceito que me tocou tão fundo, e mesmo assim a casca endurecida falou mais alto.
Várias vezes Dominic nos incentivou para aproveitar a chance de fazer novos contatos, olhar no olho durante as pausas do café e almoço, conversar e conhecer pessoas reais partilhando o mesmo interesse. Não consegui me abrir mais para outro ser humano.
Desde criança ouço que falar com estranhos é perigoso, que devo tomar cuidado com estranhos; depois passei as ler que as redes sociais também são um lugar para todo tipo de pessoas e que trocar contatos pessoais é muito perigoso. Tudo é perigoso! As ruas e as redes que eu abro dentro da minha casa, protegida pelas paredes e portas trancadas são um perigo. Ver televisão e ouvir todo tipo de informação também é um perigo, usar as redes é um perigo, viver é um perigo. Não viver também é outro perigo.
Resolvi viver perigosamente e expor o que penso nas redes, falar das doenças e dores para quem quiser ler, partilhar histórias e trocar contatos.
Lembro que durante os pernoites quando era comissária de bordo, saía pelas ruas das cidades estranhas e caminhava no meio do povo e era muito feliz. Andei por lugares que diziam ser perigoso: ruas da Bolívia, Paraguai, São Paulo por aquelas galerias e praças do centro. Andei sozinha pelo Pelourinho em Salvador, fiz passeio de barco em Manaus e Macapá. Andei pelo lençóis do Maranhão, em Belém ia ao Ver o Peso há vinte de poucos anos atrás conversar com as mulheres das barraquinhas sobre ervas medicinais.
Coleciono lembranças, monto uma rede de fatos e historinhas, vou desfiando um novelo imenso e sigo tecendo minha colcha de memórias. Definitivamente vou continuar vivendo perigosamente, a sensação de liberdade fala mais alto que o medo dos perigos que ainda se escondem na minha imaginação.
#convivendocomadorcronica
Minha essência é essa mesmo, mas tem que fazer muito sentido e agregar valores para despertar meu interesse.
E a comunicação não violenta não surgiu do nada, tem uma história que remonta de anos e anos, de um tempo em que não havia computador nem zap para criar comunidades, grupos de apoio e suporte. Mesmo assim o ser humano criou uma forma de cuidar um do outro, de se preservar e unir forças, e isso sempre fez parte da vida e eu sinto essa necessidade.
Eu gosto de gente. De pessoas, de bichos e de livros; eu cresci ouvindo histórias da minha avó, da bisavó, de mulheres que moravam no meio do mato, no alto do morro; fui criada por avó e ajudante cozinheira, rezadeira e lavadeira. Sou do tempo que criança tinha quebranto, espinhela caída e ventre virado, de tardinha as mães faziam fila e Dona Maria rezava com galho de arruda.
Minha avó teve tuberculose ainda jovem e perdeu um pulmão;
então Dona Maria foi morar conosco para ajudar nas tarefas. Eu escutava tudo, de receita de bolo a programas de rádio que tocavam músicas, notícias e até histórias de assombrações e coisas estranhas.
Acho que que comecei escrever muito nova, talvez para registrar essas memórias de um tempo em que não havia nada melhor do que sentar na varanda e conversar, sentir a brisa fresca e jogar conversa fora. Naquela época as mulheres eram unidas, trocavam conselhos e se ajudavam; minha casa vivia cheia de visitas aos domingos, as pessoas se visitavam e vinham tomar café. Hoje ninguém convida para almoçar, lanchar ou tomar um café, todos andam muito ocupados.
Nos encontramos nos workshops e cursos, fazemos contato nesses lugares, trocamos endereços das redes socais e viramos amigos virtuais. Provavelmente eu nunca mais terei qualquer outro contato além das fotos e likes.
De vez em quando alguém posta que está sofrendo, ou participa alguma perda, e eu escrevo que sinto muito sem perguntar a razão; e se essa pessoa postar nas redes sociais que sente-se triste, um monte de gente responde com outra carinha emoji. Ninguém pede para ligar, convida para um café, oferece para escutar. São só as benditas carinhas: emoji feliz, emoji triste, emoji sorrindo e emoji orando!
Existe uma proposta diferente que se baseia em criar sistemas de apoio, isso é simplesmente voltar a ter amizades. Achei o máximo me aproximar de pessoas, conversar e experimentar essa troca, estava em um ambiente seguro e fazendo uma imersão em CNV- Comunicação Não Violenta.
Achei legal o convite para trocar o numero do meu telefone com os colegas do curso, gente que por alguma razão senti vontade de conhecer melhor. Só que tive muita dificuldade e só fiz isso com três pessoas que estavam sentadas ao meu lado, foram dois dias aprendendo com Dominic Barter, ouvindo tanta coisa sobre comunicação não violenta, conceito que me tocou tão fundo, e mesmo assim a casca endurecida falou mais alto.
Várias vezes Dominic nos incentivou para aproveitar a chance de fazer novos contatos, olhar no olho durante as pausas do café e almoço, conversar e conhecer pessoas reais partilhando o mesmo interesse. Não consegui me abrir mais para outro ser humano.
Desde criança ouço que falar com estranhos é perigoso, que devo tomar cuidado com estranhos; depois passei as ler que as redes sociais também são um lugar para todo tipo de pessoas e que trocar contatos pessoais é muito perigoso. Tudo é perigoso! As ruas e as redes que eu abro dentro da minha casa, protegida pelas paredes e portas trancadas são um perigo. Ver televisão e ouvir todo tipo de informação também é um perigo, usar as redes é um perigo, viver é um perigo. Não viver também é outro perigo.
Resolvi viver perigosamente e expor o que penso nas redes, falar das doenças e dores para quem quiser ler, partilhar histórias e trocar contatos.
Lembro que durante os pernoites quando era comissária de bordo, saía pelas ruas das cidades estranhas e caminhava no meio do povo e era muito feliz. Andei por lugares que diziam ser perigoso: ruas da Bolívia, Paraguai, São Paulo por aquelas galerias e praças do centro. Andei sozinha pelo Pelourinho em Salvador, fiz passeio de barco em Manaus e Macapá. Andei pelo lençóis do Maranhão, em Belém ia ao Ver o Peso há vinte de poucos anos atrás conversar com as mulheres das barraquinhas sobre ervas medicinais.
Coleciono lembranças, monto uma rede de fatos e historinhas, vou desfiando um novelo imenso e sigo tecendo minha colcha de memórias. Definitivamente vou continuar vivendo perigosamente, a sensação de liberdade fala mais alto que o medo dos perigos que ainda se escondem na minha imaginação.
#convivendocomadorcronica