DOMINGOS DE RAMOS ( AQUÊLES ! )
No tempo de "Dantes"
(ou "dantestempo" como costuma-se dizer)
Definitivamente! Não tem outra explicação:
Tô ficando mais velho a cada dia que passa e por consequência,mais saudosista.
Vejam vocês,o que me passa agora pela cabeça:
Quando menino,era excessivamente religioso.Desculpem o termo mas,era eu,um autêntico papa hóstias.
Nada demais,é claro,mas hoje "espio" minha religiosidade por outros ângulos.(Bem mais discretos,presumo)
Lembrei-me de meus 7 a 8 anos,por ocasião do domingo de ramos.
Naquela época,só benziam-se os ramos nas igrejas do centro e era para a Matriz de N.S.da Luz,que minha prima Lile e eu,éramos destinados sempre de forma democrática:
-Ou vão!...Ou o chicote come sôrto!
(Sôrto mesmo.Era assim a linguagem da casa).
Nem precisava tanta ameaça,a gente ia de bom grado até porque pintava uma graninha para tomar um sorvetinho básico numa das duas únicas sorveterias da cidade.
( Tomar sorvete de "copinho" (casquinha)naquela época era um acontecimento! )
Na manhã de domingo,Lile cheirando à Cashmere Bouquet e eu às brilhantinas de tio Elias,rumávamos para a matriz.
O caminho era longo mas havia uns carreirinhos no trecho que a gente usava como atalho.
Cruzáva-mos a fileira de casas da vila operária da Madeireira Gomes,ao som do segundo sinal avisando a missa das dez horas.
(Impossível esquecer aquele repicar de sinos.Era lindo demais!)
Todo este blá,blá,blá,apenas para amenizar nossa revolta,engolida à sêco,quanto ao tamanho das "vassouras" que nos incumbiam de carregar.
Tia Flora,e dona Dida - minha mãe - foram sempre chegadas a alguns requintes de puro exagero.Por conta disso,na véspera,os ramalhetes (assim ambas os denominavam) ficavam prontos.
Rosário,alecrins,guinés,alfazemas,suspiros,cidrós... perpétua em flores,erva de santa Maria e mais uma infinidade de arbustos,camuflavam alguns tufos fedorentos de arruda bem ao centro do calhamaço.
(padres e beatas sempre detestaram a inocência fedidinha da arruda.Nunca entendi porque!? rsrs...)
Por volta de meio dia,com os pés calejados pelos sapatos geralmente novos (adquiridos especialmente para a ocasião) éramos recebidos com delicioso almoço.
Uma forma de recompensa,talvez.
Esgualepados, literalmente, atirávamos as "vassouras" no primeiro canto que surgisse e partíamos para o rango de domingo.
Quem tiver a paciência de ler este relato,pesquise seus saudosismos.
É possível que haja uma boa leva de abnegados"carregadores de vassouras" nos domingos de ramos em tempos idos.
No tempo de "Dantes"
(ou "dantestempo" como costuma-se dizer)
Definitivamente! Não tem outra explicação:
Tô ficando mais velho a cada dia que passa e por consequência,mais saudosista.
Vejam vocês,o que me passa agora pela cabeça:
Quando menino,era excessivamente religioso.Desculpem o termo mas,era eu,um autêntico papa hóstias.
Nada demais,é claro,mas hoje "espio" minha religiosidade por outros ângulos.(Bem mais discretos,presumo)
Lembrei-me de meus 7 a 8 anos,por ocasião do domingo de ramos.
Naquela época,só benziam-se os ramos nas igrejas do centro e era para a Matriz de N.S.da Luz,que minha prima Lile e eu,éramos destinados sempre de forma democrática:
-Ou vão!...Ou o chicote come sôrto!
(Sôrto mesmo.Era assim a linguagem da casa).
Nem precisava tanta ameaça,a gente ia de bom grado até porque pintava uma graninha para tomar um sorvetinho básico numa das duas únicas sorveterias da cidade.
( Tomar sorvete de "copinho" (casquinha)naquela época era um acontecimento! )
Na manhã de domingo,Lile cheirando à Cashmere Bouquet e eu às brilhantinas de tio Elias,rumávamos para a matriz.
O caminho era longo mas havia uns carreirinhos no trecho que a gente usava como atalho.
Cruzáva-mos a fileira de casas da vila operária da Madeireira Gomes,ao som do segundo sinal avisando a missa das dez horas.
(Impossível esquecer aquele repicar de sinos.Era lindo demais!)
Todo este blá,blá,blá,apenas para amenizar nossa revolta,engolida à sêco,quanto ao tamanho das "vassouras" que nos incumbiam de carregar.
Tia Flora,e dona Dida - minha mãe - foram sempre chegadas a alguns requintes de puro exagero.Por conta disso,na véspera,os ramalhetes (assim ambas os denominavam) ficavam prontos.
Rosário,alecrins,guinés,alfazemas,suspiros,cidrós... perpétua em flores,erva de santa Maria e mais uma infinidade de arbustos,camuflavam alguns tufos fedorentos de arruda bem ao centro do calhamaço.
(padres e beatas sempre detestaram a inocência fedidinha da arruda.Nunca entendi porque!? rsrs...)
Por volta de meio dia,com os pés calejados pelos sapatos geralmente novos (adquiridos especialmente para a ocasião) éramos recebidos com delicioso almoço.
Uma forma de recompensa,talvez.
Esgualepados, literalmente, atirávamos as "vassouras" no primeiro canto que surgisse e partíamos para o rango de domingo.
Quem tiver a paciência de ler este relato,pesquise seus saudosismos.
É possível que haja uma boa leva de abnegados"carregadores de vassouras" nos domingos de ramos em tempos idos.