ENRIQUECIMENTO PESSOAL.

Não, não é dinheiro.É preciso apenas viver o mesmo dia sempre que se apresenta com o sol, e não precipitar o futuro para o agora, tudo querendo resolver antes.

É preciso deixar que aconteçam as coisas que precisam acontecer. Somos diferentes cada novo dia, com o seu patrimônio existencial de ser assim ou de outra forma mudado. E fazer o que gosta.

Não podemos planejar nada de importante, só coisas comuns. Hoje o que se vê e se ouve como gosto é viajar. O homem sempre teve curiosidade pelos seus semelhantes, o que fazem, como vivem e onde vivem. Mas o consumo é mais material do que para arquivo pessoal de maravilhas visuais. E perde-se um enorme enriquecimento interior, sem conhecimento mais abrangente do que se vê.

Houve no fim dos anos oitenta uma corrida dos americanos do norte para a Europa. Os japoneses, cultos e de bom gosto, os via anualmente circulando, já eram interessados máximos e muitos.

Invadiram a Europa clássica os norte-americanos, inclusive com o repelido “fast food” na França. Vieiras ou Coquilles de Saint Jacques, palavrão para os "fasts".

Descobriram o berço da arte. Chega a ser cômico hoje na Itália em Roma o Coliseu, visto de fora (não entro mais), um formigueiro, parece que será palco dos antigos enfrentamentos do gládio. Em Florença, origem do “Renascimento”, local onde vigorou o mecenato das artes pelos Medici, a Piazza De La Signoria é um maracanã em dia de flamengo. Nos anos oitenta caminhava sozinho por ela com minha mulher.

Museus fantásticos têm filas como um fla x flu, Firenzi, onde se tropeça em arte nas ruas.

Viver apenas o dia atual, sem antecipar os outros e o que ocorrerá neles, nos dias atuais, é como devemos restar.

Soa estranho, é estranho. Disciplina, hábito, costume, mas há também, ansiedade para se fazer o gosto pessoal. Ando para frente e para trás para levar as netas em périplo dessas maravilhas. E querem ir comigo....como guia.

Mas fica difícil fazer o gosto com essa demografia explosiva e os problemas no mundo.

Vive-se uma vida de disciplina sem rigores, assim deve ser, e quando se determina resolvê-la para sobrevivência, resolve-se. Todos vivemos para sobreviver, mas nada que fiz que se tornou importante para mim foi planejado. Foi acontecendo, e de forma marcante e inusitada. Mas indicado por Nossa Senhora o que de mais importante aconteceu em minha vida. Isto formalmente.

Planejar importâncias ou querê-las acaba em pequenas coisas. Incrível e verdadeiro. A ideia de criar acontece, e criar para você crescer é o máximo em enriquecimento pessoal.

E nada faz a pessoa crescer mais do que frequentar as artes plásticas se para tanto se dirige, e conhecê-la por história nos livros antes de vê-la, para não conhecê-la e tomar contato com ela cegamente como ocorre com a maioria. Nada igual, mesmo os desconhecedores de faturas de pintores e deslumbres do cinzel formam imensas filas quando no Rio de Janeiro existem mostras de reduzida expressão em obras de artistas célebres, que por aqui chegam e são expostas no Centro Cultural Banco do Brasil.

É como música clássica, ouve-se que o povo não gosta, só do chavão popularesco, mas ficam extasiados diante de uma filarmônica tocando os notáveis. Imagine diante de um coral celestial na Madeleine em Paris ou em suas igrejas góticas próprias e propiciadoras da polifonia vinda da estrutura do gótico descoberta por Giovanni Pierluigi da Palestrina, vozes são dobradas por instrumentos dominando magistralmente a polifonia herdada da escola franco-flamenga.

Dubuffet, notável arquiteto francês, afirmava que a arte surge espontaneamente. Nada melhor que viajar o mundo e vê-la. Evidente que nem todos a conhecem com amplitude, mas buscam conhecê-la visualmente, já é alguma coisa que entra pelos sentidos, um grande passo para o espírito. E só sentindo pode ser avaliado. Muda nosso interior.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 13/04/2019
Reeditado em 08/07/2019
Código do texto: T6622475
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