Delícias Mineiras
Dia desses eu vi na internet, a TV da atualidade, porque cá entre nós, depois dos vídeos de YouTube e Facebook, ninguém que aprecie um sobrevôo, fica parado zapeando uma TV; um vídeo de um piloto mineiro, dando boas vindas aos "navegantes" com destino à capital das Minas Gerais. Ele falava no bom "mineirês" e causava risada nos passageiros enquanto eles iam acomodando a bagagem de mão e se ajeitando nos assentos ou pra ser bem original, "arredando" suas bagagens de mãos nos compartimentos ou "caçando" seus assentos numerados pelo estreito corredor da aeronave.
Fiquei imaginando o que ia naquelas risadas. Elas deviam ser muito mais de felicidade que por acharem graça na brincadeira do piloto, provavelmente um autêntico mineiro do interior.
Os passageiros mineiros devem ter sentido aquele gostinho de pão francês com queijo canastra na chapa ou do café quentinho com broa de fubá ou ainda do sabor do legítimo pão de queijo mineiro que só a gente sabe fazer.
Devem ter sentido aquela alegria de quando, um tempo fora da "terrinha", visualizamos as muitas serras lá do alto e localizamos rapidamente da janelinha apertada, a Lagoa da Pampulha. Ou então, quando por rodovia, experimentamos aquela sensação gostosa, ao passarmos pela Mutuca, e mentalmente dizemos cheios de uma discreta emoção: "Cheguei!".
Ao ver aquele vídeo fui contagiada pelos risos daqueles passageiros e de cá eu ria também. Depois repeti tudo de novo só para degustar aquele linguajar tão familiar que me afagava os cabelos e beijava minha fronte, tal como carinho de mãe.
Nossa terra, nosso lugar de origem e de coração nos é tão nossa, que precisamos nos afastar por um período para percebermos o tanto que ela está arraigada em nossa identidade. E quando a gente se afasta um "tiquin" e de repente ouve um conterrâneo, rapidamente somos "puxados" para o nosso delicioso jeito mineiro de ser.