O medo infantil de um jovem adulto
Alguns dias atrás, eu estava vendo um vídeo em um hospital perto de onde moro, na qual a mulher briga com os funcionários para que um idoso morador de rua fosse atendido, já que eles estavam se recusando a atendê-lo. Lembrei-me de alguns meses quando fui no dentista fazer uma cirurgia de retirada de um dente, na qual eu estava com muito medo. Nunca tive medo de médico ou dentista quando criança, mas a ansiedade e angústias de adulto me tornaram vulneráveis a esse medo. Eu estava sozinho nesse dia. Não havia ninguém comigo; nem familiares ou amigos. Pode parecer bobo o fato de ter medo e as pessoas podem até rir dessa história, mas algo me chamou a atenção. Não foi fácil a cirurgia. Fiquei quase 3 horas no procedimento, na qual precisou da ajuda de outros médicos; eu já estava morrendo de nervosismo. Adrenalina estava a mil! Quando a doutora percebeu que eu estava nervoso e o outro médico estava me operando ela disse: “Vem cá, e segura forte a minha mão; pode apertar!”. Não conheço ela fora das consultas, mas me passou uma segurança confortável de que parecia que ela era minha acompanhante. Quem sofre de ansiedade e é hipocondríaco sabe que não é fácil! Entretanto isso me fez tomar uma decisão. Eu estudo jornalismo, mas independente de qualquer coisa que eu for exercer, eu farei de tudo para que o dinheiro não corrompa a minha essência de profissional. Ser eu for jornalista, reportarei mensagens de forma clara e humana com a máxima finalidade de preservar a dor, a integridade e, principalmente, o medo que o ser humano tem. Se eu for professor, farei de tudo para que o aluno aprenda de verdade, pois ensinar também é um ato de amar. Seja lá o que for, eu aprendi naquele dia com aquela doutora que não importa o que você seja, você é ser humano tanto quanto qualquer outro. E essa atitude me fez acreditar que o ser humano, apesar de tudo, ainda pode ser um humano.