OS QUE NÃO PENSAM; DIVISÃO DE VOLTAIRE.
Surpreendente, porém realidade.
E não há culpa nisso, é embrionário. Quantos são envolvidos por sua curiosidade sobre tudo e caminham a passos largos para o conhecimento. Não precisam muitos esforços, a natureza dotou-os de maior potencial de apreensão. E um fato relevante. Aqueles alunos de ponta nas aulas, os de notas maiores, depois olha-se para o que deram na vida; pouca coisa, nenhum sucesso de monta.
Por quê? Ensina Voltaire. Pontificava que dois terços da humanidade não pensam,aparentemente sem alma, se movimentam quase por instinto, não valoram, seguem como a manada, se deslocam. É o que vemos principalmente no velho repositório ideológico-acadêmico.
E seriam, é condicional, algumas pessoas preparadas integrantes dessa parcela não pensante.
Um fato ocorrido marcante ocorrido com o atual Presidente com jornalista que o entrevistou causou polêmica. Quando se pergunta se um pai deixaria um filho casar com uma pessoa da raça negra, por qual razão não se perguntar: você deixaria seu filho casar com uma pessoa da raça asiática, ou descendente indígena, ou da raça ariana máxima em brancura de pele como a nórdica, ou com pessoa de credo diferente do seu entre os vários credos, judeus, evangélicos, ortodoxos, católicos, protestantes, testemunhas de Jeová, adventistas, protestantes, ou com membros de conhecidas comunidades e sociedades fechadas, como a maçonaria? E tantas e tantas outras indagações específicas que poderiam ou não trazer intimidação ou embaraço para os perguntados.
Ninguém considerou que a pergunta na sua origem já trazia consigo a marca da pejoração. Isso se trata de um conceito embrionário prévio, o chamado preconceito, que pode ser bom ou não. Preconceito tem um núcleo objetivo, que pode ou não ser discriminatório. Neste reside a inferiorização do que ou quem se considera.
Voltaire em seu dicionário editado em 1764 foi um sucesso, e configurou o primeiro livro de bolso editado na história. Intelectual festejado de aproximadas trezentas obras, aborda o óbvio, quando trata de conceito, preconceito e discriminação, neste, aí sim, juízo de valor negativo. Isto passa despercebido por muitos, a conceituação de valores equivocadamente projetados filosoficamente, no raso do entendimento popularesco, o que compreende-se.
Faz algum tempo em crônica “O fascismo do bem”, o conhecido jornalista Ricardo Noblat, coluna de “O Globo” , discorreu sobre o deputado tão decantado (antes de eleito presidente), Bolsonaro, e dizia: “Ele é um símbolo, uma síntese do mal e do feio. É um Judas para ser malhado. Difícil é, discordando radicalmente de cada palavra dele defender seu direito de pensar e de dizer as maiores barbaridades”.
E considera que para ser a favor ou contra qualquer coisa, deve se firmar em que todos têm o direito de se expressar, sem o que, perde amanhã o direito de dizer o que pensa.E vai além, “a patrulha estridente do politicamente correto é opressiva, autoritária e antidemocrática. Em nome da liberdade, da igualdade e da tolerância, recorta a liberdade, afirma a desigualdade e incita à intolerância.”
E continua dizendo ser a favor de tudo que o deputado é contra, e “por defender o direito de ser a favor é que defende o direito do deputado ser contra.”
Faltou a especificidade científica-profissional da lida com o direito, que devia conhecer. "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.", ensina Voltaire; mas acresço o que faltou, até os limites da lei.
O direito de se dizer o que se pensa tem um limite, a lei. Sem descer a detalhes do tipo objetivo penal ocorrente, e se ocorreu ou não nesse contraditório passado que a mídia frequentou à época, se houve injúria ou discriminação racista, crime de racismo, e o principal, se houve objetividade contrariada na conduta discutida e violação de bem tutelado, vejo um fator mais adensado e, creio, pouco percebido, o que externei ao vestíbulo em consideração ao ensejo. A pergunta conhecia a eventual resposta, matérias conhecidas.Então a pergunta era preconceituosa....
Promíscua é pessoa de hábitos negativos em valores sociais tratados então, é inegável.Esse o epicentro da resposta. E definiu que essa aderência negativa era o meio da questionadora. A questão é semântica e simplória. Os conceitos são bons ou não, virtude ou inexistência de virtude, o bem e o mal, eterno pêndulo da vida; obviedade flagrante. Promíscuo é negatividade. A virtude não permite discriminar. O que significa discriminar? Se formos aos dicionaristas convencionais, sem necessidade de ir ao Aulete, Cândido de Figueiredo, Moraes, etc, os clássicos, veremos que discriminar é conceito negativo, “verbis”, in Houaiss, contemporâneo que reputo o melhor, fls. 1053, “tratar mal ou de modo injusto, desigual, um individuo ou grupos de indivíduos,em razão de alguma característica pessoal, cor da pele, classe social, convicções..”.
Só é necessário visibilizar que a pergunta já trazia em seu bojo a discriminação, o preconceito negativo que evidentemente eclodiria...como eclodiu então.
Continuam essas intenções na voga de nossos dias nos questionamentos. Os questionamentos preconceituosos afloram já embutida a negatividade discriminatória na interrogação. A imputação passeia nas mentes pouco aparelhadas, AS VEZES SOBRE MAIORES SIMBOLISMOS que embora sem objetividade pessoal, fere crenças e devoções. Nós mesmos poderíamos ser os agentes passivos de interrogações discriminatórias, digamos, os ofendidos, embora subjetiva a tutela fora de parâmetros legais. Não situo casuísmos, vejo-os nas asas da desvirtuação, e principalmente em meios acadêmicos, o que ressuma pior, poreja de mentes como urticárias dermatológicas.
É lamentável, mas real.