Daquilo que não entendo, desentendido está
Certa vez, visitando o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, havia uma exposição cujo nome do pintor me foge à memória. Lembro-me que havia um quadro totalmente em branco com um minúsculo ponto preto no centro. Os visitantes se babavam e diziam “ooooohhh” de admiração. Lembrei-me de uma piada que cabia certinho para aquele momento, pena que só me contaram depois. Em uma exposição de um artista louco, ele tentava explicar sua obra-prima, um quadro também em branco, mas sem o ponto do meio:
– Este é o quadro do Mar Vermelho quando Moisés conduzia os judeus na fuga do Egito – disse o pintor.
– Mas cadê o Mar Vermelho? – perguntou alguém no meio dos visitantes.
– Aqui foi na hora que Moisés abriu as águas do Mar Vermelho. Você nunca leu a Bíblia?
– E cadê Moisés?
– Está à frente dos judeus.
– E cadê os judeus?
– Já passaram.
– E cadê os egípcios?
– Ainda não chegaram.
Se essa exposição fosse aquela do MAM carioca, ainda haveria a última pergunta:
– E esse ponto preto aí no meio?
– Ah! Isso aí é o cotoco do lápis que Moisés escreveu Os Dez Mandamentos – responderia o pintor doido, cheio de razão.