QUANDO ADOECE

O amor só existe porque há quem ame e há quem seja amado. Parece óbvio, como é um fato. Não é achismo, não pode ser confundido e nem pode ser disseminado como algo comum.

Recentemente o meu amor adoeceu. Sim, o amor adoeceu! E isso me fez sentir em cima do já sentido.

É ligeiramente interessante o modo como até adoecido o amor traz a sensação de paz, sendo preciso apenas vestígios fonológicos, flash de imagens e a própria sensação do existir. O irresistível amor me retirou a paz antiga e me trouxe uma nova.

Quando eu abro as janelas o cheiro adentra, são perfumes de rosas, não produzidos, mas tão naturais como a essência. Ah! Cheira a rosa, não a qualquer rosa, mas a uma singular, feita especificamente para que eu a saiba distinguir de todas as outras.

Consigo imaginar, consigo tocar, idealizar, tudo para que seja possível encontrar. Quando adoece, imagino o dobro, toco o dobro e redobro o dobro a possibilidade de encontrar. Clareia ainda mais a certeza do essencial.

O amor adoeceu e como num poema romancista eu rogo a Deus para que o sofrimento do amor seja meu, não dele. Uma das virtudes que o imortal fecunda nos mortais é a riqueza de encontrar um elo racional de doação.

Eu me adaptei ao amor enfermo, aceitei um todo diferente do meu, peguei manias, jeitos, costumes e dizeres de herança.

Desde que o amor adoeceu, percebi intimamente que quem adoece sou eu. Ei, vivas tu para que viva eu. Melhore, venha, não permita que eu esteja sem você. Seja a paz, seja o perfume, seja o imaginado, seja o tocado e seja encontrado. Apenas seja! Seja!

Amor que adoeceu, você é uma rosa que assim como o amor não murcha.

Andresa de Oliveira
Enviado por Andresa de Oliveira em 11/04/2019
Reeditado em 11/04/2019
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