UMA FAMÍLIA DE AGRICULTORES

As Sementes de Arroz que germinaram no sótão de um rancho em um sítio esquecido, em uma estrada esquecida, entre morros verdejantes e de água abundante, a mais de cem anos atrás, trouxeram ao Presente uma Família de Agricultores.

Todos criados na lida do campo, da roça e dos arrozais. Na criação de galinhas, dos porcos e do gado.

Das plantações no alto dos morros e nos arrozais dos baixios alagados.

Os milharais, os abacaxis, a batata doce, o aipim, o cará. As sopas, os cozidos e a sobremesa de leite fresco.

A farinha e o lombo de porco defumado, E as caças, frutos de um tempo passado.

Quando a névoa anunciava a chegada da noite, sentados na varanda, olhávamos o findar de mais um dia.

Sentíamos-nos realizados e agradecidos.

A conversa ia até altas horas, comentávamos as curiosidades do dia, os acidentes de percurso, as soluções encontradas, o tamanho das verduras, das frutas e seu sabor. Pensávamos na tarefas para o novo dia que viria em nova labuta.

De joelhos ao pé da cama e aos pés do Senhor nós pedíamos para que Ele abençoasse a nossa família, em saúde e em vitórias.

Com a pela queimada afundávamos o corpo cansado em colchões de palha de milho e apagando o lampião tudo ficava na escuridão.

Luzes? Apenas em nossos sonhos.

E o tempo passou... Os nossos calos se desfizeram ao Tempo.

O sítio ficou somente em nossas lembranças.

Assim como os nossos avós, alguns tios e alguns vizinhos, passaram.

Hoje nos encontros das famílias.

Em aniversários, batizados e casamentos, tudo corre normal até o momento em que Alguém lembra das prosas do sítio.

Vira alvoroço.

Um tem uma lembrança mais linda, mais engraçada, mais triste, mais cheia de vida do que o outro.

E em determinados momentos todos silenciam, pela forte emoção. Coisas do passado!

Hoje o trabalho nem sempre é dividido entre nós e os nossos filhos, como era antigamente. Cada qual no seu tempo.

E na sua realidade. E nos seus sonhos.

Hoje nós vivemos com mais posses, divertimentos, saúde, educação, comunicação. Adquirimos mais Direitos, responsabilidades?

Nem tanto.

Era difícil aquele tempo nisso todos concordam.

Mas a vida era mais intensa, os dias era mais valorizados, as amizades mais confiáveis, as horas contadas na roça pela posição do sol, a prosa interminável e os homens mais respeitados e, de lá para cá, talvez só o Amor tenha se mantido como sempre foi.

E assim continuará germinando se cuidarmos dele feito sementes eternas guardadas com zelo, em um sótão,o nosso coração.

Robertson
Enviado por Robertson em 09/04/2019
Reeditado em 08/01/2020
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