OUTRO MUNDO

OUTRO MUNDO

Meu mundo infantil tinha 3 ou 4 quarteirões. Era composto de casas simples, um campinho de futebol de várzea onde a pelada corria solta, uma rua quase sem carros e muito jogo de taco, a venda do Seu Domingos e a padaria do Seu Manoel, as cadernetinhas do fiado, o Grupo Escolar Estadual de ensino de qualidade, o cheirinho indefectível do arroz e feijão, uma carninha de segunda, um ovinho e a sobremesa variada, dia banana, dia laranja, e os amigos, que como eu, brincavam na rua. Acima disso, duas referências, meus pais que me educavam e os professores que me ensinavam e complementavam a educação. Fui feliz nesse pequeno mundo. Hoje há o mundo todo na tela a qualquer instante, um monte de amigos, a maioria virtuais ou a distância, compras de tudo pela internet, comida por delivery ou quilo cheio de variedades, os carros tomaram a rua, a rua virou risco, o campinho virou society, nada parece ter limites, enfim, o mundo mudou, para melhor ou para pior, sabe-se lá. Tenho comigo que, acima de qualquer outro tópico, o que piorou foram as referências, grande parte dos pais já não são presentes, ou separam-se, os professores despreparados e desinteressados; razões há aos montes, mas não há desculpa, para quem deixa uma geração perder-se, por ausência e por não dar prioridade a formação dos filhos e das crianças, a maior riqueza que nos é concedida. Creio que essa é causa maior das vicissitudes que passamos ou assistimos dia após dia.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 09/04/2019
Reeditado em 09/04/2019
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