2-- Cofissões de um homem sem Deus
Confissões de um homem sem Deus
Pressinto no Passado mais remoto,
Perdido no infinito da existência,
Um deus—um ser qualquer que desconheço-
Brincando de criar formas e cores...
Era a Terra em que vivo;
Foram seres como Eu,que ele fez marionetes!
Depois, já saturado dos folguedos,
Deixou-nos prosseguir abjurados
Entregues aos instintos antagônicos
Da elementaríssima matéria...
E o Tempo foi rolando indiferente
Até que, pretendendo escravisá-lo,
Os Homens resolveram desafiá-lo
Na seqüência dos meses e dos anos;
Na volúpia sonora dos relógios...
E então veio a esperança no Futuro
E a luz alviçareira de “outro dia”
E quando a madrugada despertou,
Com o Sol, que iluminava a Natureza
Do riso – da alegria ingênua e pura –
Na forma, transmudada em Ser-pensante,
Vibrou a musa etérea da Beleza
Porque a Humanidade era feliz...