E lá estava ela trabalhada no contorno em pó que comprou de 10 vezes no cartão, no site da Sephora. Sabia que valeria a pena: um rosto fino é um rosto fino em qualquer fotografia, mesmo de celular.
No cabelo um penteado feito como cópia não autenticada de umazinha que passou pelo tapete vermelho no Oscar. O glitter dourado fixou aquela poeira brilhante nos fios finos.
Um vestido de surrar qualquer autoestima com chinelo Havaianas da Gisele Bundchen: vermelho sangue (pra acabar de vez com o vampirismo das recalcadas e falsianes).
O sapato era um scarpin salto 21 dourado e fundo preto fosco pra dar uma ideia de equilíbrio.
A “bolsita” Luís Vitton que a vizinha emprestou, deixava aquele look único: elegância aqui é mato! O dia era dela!
Estava tão ansiosa por aquele momento. Receberia uma honraria do clube do livro pela dedicação prestada ao longo de 10 anos como escritora informal.
O clube estava perfeitamente arrumado, tudo muito sofisticado, desde a composição da mesa até a decoração. Naquela correria toda nem se atentou para a ausência do marido. De repente, quando chamada à mesa, aquela cena de filme de terror/comédia/suspense (as sensações foram essas) começa a vagar na sua mente em câmera lenta. No corredor de aproximadamente 100 metros apontava o Davi (Se ele fosse Golias eu seria assassina, pensava ela) como numa cena de filme vem sorridente: cabelo despenteado, roupa especial para jogar tênis e duas raquetes, duas enormes raquetes (que ela poderia usar pra quicar suas bolas). Ela parecia ter no corpo uma infestação de sarna, se mexendo na cadeira como se dançasse um samba de raiz. Com um desejo fervoroso de arrancar o couro de Davi, treinava a respiração como se fosse parir um terceiro filho.
Desde que o convite chegou na casa e foi colocado sobre a mesa lá estava grafado Traje de Gala. Ela o motivou a lê-lo por diversas vezes, mas pelo visto não o fez. E pra piorar a situação seria ele o responsável por ofertar umas palavrinhas sobre ela, nada demais, nada demais. Antes que ele despontasse no salão, ela incorporou a nega maluca e fazendo um gesto apressado e passou a abanar o braço e a respirar ofegante, o fazendo ver de longe a sua fúria e antes mesmo de pisar no tapete viu pelo reflexo do vidro como estavam todos. Ele deu meia volta rezando pra todos os Santos e buscando todas as desculpas mentais possíveis pelo seu vacilo. E ela, plena começou a declamar um poema e a rodopiar pelo salão como se fosse um espetáculo, quebrando o protocolo com sua espontaneidade nunca assistida. Quando terminou, todos de pé a aplaudiram. E no intervalo pós quebra de protocolo, enquanto todos voltavam pra mesa, ela avisou que o marido teve um imprevisto.
E na hora do brinde com uma taça de Chandon chega ele com um smoking ou black tie (para mais apaixonados) e um buquê de rosas amarelas, suas preferidas. Ao entregá-la ouviu: - Vou usar no seu velório. Hoje eu te mato, hoje eu te mato (confirmou)!
No cabelo um penteado feito como cópia não autenticada de umazinha que passou pelo tapete vermelho no Oscar. O glitter dourado fixou aquela poeira brilhante nos fios finos.
Um vestido de surrar qualquer autoestima com chinelo Havaianas da Gisele Bundchen: vermelho sangue (pra acabar de vez com o vampirismo das recalcadas e falsianes).
O sapato era um scarpin salto 21 dourado e fundo preto fosco pra dar uma ideia de equilíbrio.
A “bolsita” Luís Vitton que a vizinha emprestou, deixava aquele look único: elegância aqui é mato! O dia era dela!
Estava tão ansiosa por aquele momento. Receberia uma honraria do clube do livro pela dedicação prestada ao longo de 10 anos como escritora informal.
O clube estava perfeitamente arrumado, tudo muito sofisticado, desde a composição da mesa até a decoração. Naquela correria toda nem se atentou para a ausência do marido. De repente, quando chamada à mesa, aquela cena de filme de terror/comédia/suspense (as sensações foram essas) começa a vagar na sua mente em câmera lenta. No corredor de aproximadamente 100 metros apontava o Davi (Se ele fosse Golias eu seria assassina, pensava ela) como numa cena de filme vem sorridente: cabelo despenteado, roupa especial para jogar tênis e duas raquetes, duas enormes raquetes (que ela poderia usar pra quicar suas bolas). Ela parecia ter no corpo uma infestação de sarna, se mexendo na cadeira como se dançasse um samba de raiz. Com um desejo fervoroso de arrancar o couro de Davi, treinava a respiração como se fosse parir um terceiro filho.
Desde que o convite chegou na casa e foi colocado sobre a mesa lá estava grafado Traje de Gala. Ela o motivou a lê-lo por diversas vezes, mas pelo visto não o fez. E pra piorar a situação seria ele o responsável por ofertar umas palavrinhas sobre ela, nada demais, nada demais. Antes que ele despontasse no salão, ela incorporou a nega maluca e fazendo um gesto apressado e passou a abanar o braço e a respirar ofegante, o fazendo ver de longe a sua fúria e antes mesmo de pisar no tapete viu pelo reflexo do vidro como estavam todos. Ele deu meia volta rezando pra todos os Santos e buscando todas as desculpas mentais possíveis pelo seu vacilo. E ela, plena começou a declamar um poema e a rodopiar pelo salão como se fosse um espetáculo, quebrando o protocolo com sua espontaneidade nunca assistida. Quando terminou, todos de pé a aplaudiram. E no intervalo pós quebra de protocolo, enquanto todos voltavam pra mesa, ela avisou que o marido teve um imprevisto.
E na hora do brinde com uma taça de Chandon chega ele com um smoking ou black tie (para mais apaixonados) e um buquê de rosas amarelas, suas preferidas. Ao entregá-la ouviu: - Vou usar no seu velório. Hoje eu te mato, hoje eu te mato (confirmou)!