A insensibilidade da morte

Sei que a morte é uma cláusula fixa, do contrato da vida, sem garantia estendida, e sua execução será de acordo com o tempo. E quando chega o momento ninguém está preparado, por isso, ela não emite notificação ou aviso prévio. O serviço não é de utilidade pública, mas o uso é obrigatório. Mesmo que o objeto do contrato não se desenvolva, ela liquida a sentença.

Não tem sentimentos, que dirá remorso, é uma tragédia anunciada. A dor e o desespero não faz parte de sua rotina, pois tem uma pedra no lugar do coração. Por sua característica pragmática ver tudo com normalidade, a vida que é abstrata e subjetiva. Afirma que todo sofrimento é em vão, o combinado não é caro ou barato, por que tanto drama, então?

Ela não percebe a crueldade dita, e quantas famílias são destruídas pela sua ambição. O ventre dela é seco, não teve mãe ou irmãos, e foi criada pelo acaso. Acumuladora de ossos secos, refém da solidão, se contenta com o pó da vida, pois a sua habilidade é a destruição. Nunca sentirá nada, nem derramará lágrimas, tampouco será visitada pela saudade de um grande amor.

Jaciara Dias
Enviado por Jaciara Dias em 09/04/2019
Reeditado em 09/04/2019
Código do texto: T6619069
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