O Meu Canto é esconderijo
Nunca tive muita sorte com música. Embora fosse apaixonada por bossa nova e MPB (no geral), jamais consegui cantar uma só, na nota certa. Há três anos conheci uma garota de 17 anos que cantava na igreja e dava aulas de musicalização infantil ficava observando-a naquele ritual mestral que a envolvia.
Ela chegava, cumprimentava um a um, depois se ajoelhava diante do Santíssimo e com os olhos fechados e a cabeça inclinada parecia conversar com Deus. Ela ria, balançava a cabeça, fazia reverência e ao se levantar para despedir dava uma olhadinha insinuante como se o “Cara” fosse amigo dela.
Retornando para o local onde a banda se apresentava, pegava o violão e ia afinando suas cordas de forma delicada e doce. Parecia que conversava com as cordas e elas até respondiam. Terminados os arranjos ela olhava para as partituras como se fossem mágicas, era um olhar fixo, acompanhado de uma negativa é uma afirmação posterior ou vice-versa, parecia que aquelas letras saiam do papel e ela ficava olhando para o nada, vendo-as dançar, uma de cada vez na apresentação e logo após uma apresentação completa.
Aquela garota tinha criado um mundo todo dela para que as notas fizessem uma dança e deixassem os ouvidos cheios de esperança. Ela encantava por meio do amor que a promovia.
Quando ela pegava o instrumento para tocar aquela vivência anterior parecia tomar vida ela e o violão formavam o par mais lindo. A música agora era só um som, mas a estética era ela inteira vivendo aquele episódio.
Sinceramente, queria viver a experiência dela, intensa, forte. Foi quando decidi fazer aulas de violão. Procurei um professor particular. Tales era um músico inteiro. Na primeira semana me apresentou o violão com quem tentei manter um relacionamento amoroso, embora parecesse que era amor platônico. Tentava afinar as cordas e elas sempre escorriam pelos dedos (não é piada). Escrevi uma letra de música e mostrei pro Tales que me deixou com duas notas pra treinar em casa. Fui reprovada nas duas matérias, o mindinho já estava listrado de cordas. Foram umas 25 aulas. Até que numa manhã de sol de segunda-feira o Tales me disse pra investir no que fazia de melhor: escrever. Fiquei ali pensando que ousado esse Tales, mas resignada, porque nem todo mundo nasceu pra cantar.
A garota está cursando o 1 ano de Psicologia e por causa da minha paixão pela Psicanálise vira e mexe conversamos horas, sem interrupções. E numa dessas exame disse algo sobre a música que jamais vou esquecer:
“O canto é a fuga mais rápida que podemos encontrar para esconder de nossos sentimentos. Ele é a liberdade de colocar pra fora em alto e bom tom o que nem sempre dá pra mostrar de dentro. O canto é um suspiro profundo e das mazelas da vida. O canto é a linguagem universal de quem sente.”
No dia em que decidi ler para ela sua fala, ela apenas: Mônica, eu disse apenas que a música é meu esconderijo, mas poeta viaja...
Nunca tive muita sorte com música. Embora fosse apaixonada por bossa nova e MPB (no geral), jamais consegui cantar uma só, na nota certa. Há três anos conheci uma garota de 17 anos que cantava na igreja e dava aulas de musicalização infantil ficava observando-a naquele ritual mestral que a envolvia.
Ela chegava, cumprimentava um a um, depois se ajoelhava diante do Santíssimo e com os olhos fechados e a cabeça inclinada parecia conversar com Deus. Ela ria, balançava a cabeça, fazia reverência e ao se levantar para despedir dava uma olhadinha insinuante como se o “Cara” fosse amigo dela.
Retornando para o local onde a banda se apresentava, pegava o violão e ia afinando suas cordas de forma delicada e doce. Parecia que conversava com as cordas e elas até respondiam. Terminados os arranjos ela olhava para as partituras como se fossem mágicas, era um olhar fixo, acompanhado de uma negativa é uma afirmação posterior ou vice-versa, parecia que aquelas letras saiam do papel e ela ficava olhando para o nada, vendo-as dançar, uma de cada vez na apresentação e logo após uma apresentação completa.
Aquela garota tinha criado um mundo todo dela para que as notas fizessem uma dança e deixassem os ouvidos cheios de esperança. Ela encantava por meio do amor que a promovia.
Quando ela pegava o instrumento para tocar aquela vivência anterior parecia tomar vida ela e o violão formavam o par mais lindo. A música agora era só um som, mas a estética era ela inteira vivendo aquele episódio.
Sinceramente, queria viver a experiência dela, intensa, forte. Foi quando decidi fazer aulas de violão. Procurei um professor particular. Tales era um músico inteiro. Na primeira semana me apresentou o violão com quem tentei manter um relacionamento amoroso, embora parecesse que era amor platônico. Tentava afinar as cordas e elas sempre escorriam pelos dedos (não é piada). Escrevi uma letra de música e mostrei pro Tales que me deixou com duas notas pra treinar em casa. Fui reprovada nas duas matérias, o mindinho já estava listrado de cordas. Foram umas 25 aulas. Até que numa manhã de sol de segunda-feira o Tales me disse pra investir no que fazia de melhor: escrever. Fiquei ali pensando que ousado esse Tales, mas resignada, porque nem todo mundo nasceu pra cantar.
A garota está cursando o 1 ano de Psicologia e por causa da minha paixão pela Psicanálise vira e mexe conversamos horas, sem interrupções. E numa dessas exame disse algo sobre a música que jamais vou esquecer:
“O canto é a fuga mais rápida que podemos encontrar para esconder de nossos sentimentos. Ele é a liberdade de colocar pra fora em alto e bom tom o que nem sempre dá pra mostrar de dentro. O canto é um suspiro profundo e das mazelas da vida. O canto é a linguagem universal de quem sente.”
No dia em que decidi ler para ela sua fala, ela apenas: Mônica, eu disse apenas que a música é meu esconderijo, mas poeta viaja...