EXÍLIO NO CORAÇÃO. AMOR DO CRISTO.
“...vi duas estradas: Uma estrada larga, atapetada de areia e flores, cheia de alegria e de música e de vários prazeres. As pessoas caminhavam por essa estrada dançando e divertindo-se − estavam chegando ao fim, sem se aperceberem disso. E, no final dessa estrada, havia um enorme precipício, ou seja, o abismo do Inferno. Essas almas caíam às cegas na voragem desse abismo; à medida que iam chegando, assim tombavam. E seu número era tão grande que não era possível contá-las. E avistei uma outra estrada, ou antes uma vereda, porque era estreita e cheia de espinhos e de pedras, por onde as pessoas seguiam com lágrimas nos olhos e sofrendo dores diversas. Uns tropeçavam e caíam por cima dessas pedras, mas logo se levantavam e iam adiante. E no final da estrada havia um magnífico jardim, repleto de todos os tipos de felicidade e aí entravam todas essas almas. Já no primeiro momento, esqueciam de seus sofrimentos” (Diário, 153). Irmã Faustina.
Uma clara divisão da caminhada da humanidade. Dir-se-ía, quem tem segurança nessa divisão manifestada no colóquio? Respondo: artigo de fé. Mas que se chega também pelos sentidos. Basta chegar às portas das "Cinco Vias" de Santo Tomás de Aquino, a genialidade iluminada que nos deu a escolástica. Não é restrito e para alguns, mas para todos os buscadores.
Também se ajuntaria o seguinte questionamento, por que a expressiva e quase unânime parte da humanidade crê em algo além do que se vive como um sopro, como dizia Santo Agostinho em sua vida de extraordinária espiritualidade, a nós delegada para conscientização da breve passagem em corpo e da significativa compreensão da transcendência, que se dá até pela mutação serena e bela da natureza. Por que sempre seremos ALGO além do que somos em corpo? Por quê? Não somos só corpo. Por que você pensa e o resto da natureza não, embora viva? Por ter alma.
“...Oh! como sinto que estou num exílio! Vejo que ninguém compreende a minha vida interior. Só Vós me compreendeis, Vós que estais oculto no meu coração e eternamente vivo” (Diário, 1141).
“... se a alma ama sinceramente a Deus e está unida com Ele interiormente, ainda que exteriormente se encontre em condições difíceis, nada consegue perturbar o seu interior e, mesmo no meio da corrupção, pode permanecer pura e íntegra, porque o grande amor a Deus lhe dá força para a luta, e também Deus a defende de maneira especial, até milagrosamente, se O ama sinceramente” (Diário, 1094).