Quintal de Histórias

Acordei mais cedo do que devia. Tempo me restava até que eu precisasse fazer minhas atividades diárias. Passei a andar pela minha própria casa parando no quintal, o lugar mais nostálgico, faziam semanas que eu não ia ali. Foi quando eu me vi na idade dos sete anos inventando uma brincadeira a cada canto do local. Perto da mesa de almoço onde a família se reunia vários domingos me vi sentada com vários brinquedos espalhados em volta, enquanto eu tinha meus medos de criança, meus sentimentos de criança, naquela época o terror me assombrava, e me lembro de sentar ali para fazer diversas brincadeiras com tamanho número de brinquedos ao meu dispor. Na parte cimentada, vi eu junto ao meu primo e companheiro de infância andando de patinete e bicicleta a simular um pedágio. Vi também o dia em que minha única amiga estava em casa em um domingo e estávamos sentada no meio do quintal. Todas as comemorações dos meus aniversários que eram feitas ali foram passando como flashes na minha cabeça. As incríveis noites de natal quando abríamos presentes e comíamos a melhor ceia, que também era ali festejada. E percebi então que tudo escapou das minhas mãos, já foi o tempo em que aquele quintal era lugar de ações e de vida. Parei em frente a porta para me retirar e antes olhei para traz, vi o meu quintal de histórias.

Fernanda Garibotti
Enviado por Fernanda Garibotti em 07/04/2019
Reeditado em 08/04/2019
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