PAIXÃO POR CASEBRES
(Diário de minhas andanças)
Amo a natureza e por conta disso tenho em meus arquivos milhares de registros fotográficos - de coisas da natureza,é claro - que vou conseguindo durante andanças pelos arredores de minha cidade.
Porém, nada me encanta mais que a visão de casebres que ainda persistem apesar da modernidade.
Para hoje,selecionei três:
Um dia cinzento - ainda que ameno -
A pereira florida atrás da casinhola delata ares de agosto.
[ Retomo agostos no pomar de minha infância.Pereiras cobertas de branco,zumbidos de abelhas,ventos espargindo pétalas como que fôra uma nevasca sobre o quintal ]
Tudo tão distante no tempo e aparentemente tão "aqui" neste meu agora.
Mas,voltemos ao casebre.
Portas e janelas fechadas.O vento fresco arrasta um cheiro de terra,de plantas...Além de uma cantiga dolente de um galo solitário.
É domingo !
Domingo é dia de visitar os parentes,pitar um paieirinho na casa das comadres,espiar o viço das escarolas no quintal de cercas de ripas.
Devem ter saído para cumprir o ritual,atino com meus botões.
De repente,perdido na imensidão verde deste meu canto sulino,percebo-me tão solitário quanto o casebre à espera de seus recheios humanos.
Mas é uma solidão escolhida e isso me faz um bobo feliz.
[ As vezes nem eu mesmo sei de mim rsrs...]
*****************************************************************************************
Uma névoa fina erguendo-se do vale,vacas ruminando preguiças,casebre resistindo ao tempo...
Há gerânios ao redor das paredes e a saudade do tempo em que falas mansas ungiam aposentos,chuvas benziam telhados por tardes inteiras e bem te vis rasgavam no bico saudações a dias ensolarados,
De repente...
[ Sou menino passarinho,com vontade voar ]
******************************************************
...E os homens cruzam pela estrada d e chão batido,alheios àquele olhar safirado abandonado atrás da cerca de ripas.
Pra vencer a solidão, grilos e sapos firmam um pacto de amizade sob o matagal que brota impiedoso.
Espio -lhe à distância,registro suas formas.
A casinhola parece encabulada.
Aquele olhinho azul persegue-me até que o final da curva engula-me por inteiro.
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Joel Gomes Teixeira
(Diário de minhas andanças)
Amo a natureza e por conta disso tenho em meus arquivos milhares de registros fotográficos - de coisas da natureza,é claro - que vou conseguindo durante andanças pelos arredores de minha cidade.
Porém, nada me encanta mais que a visão de casebres que ainda persistem apesar da modernidade.
Para hoje,selecionei três:
Um dia cinzento - ainda que ameno -
A pereira florida atrás da casinhola delata ares de agosto.
[ Retomo agostos no pomar de minha infância.Pereiras cobertas de branco,zumbidos de abelhas,ventos espargindo pétalas como que fôra uma nevasca sobre o quintal ]
Tudo tão distante no tempo e aparentemente tão "aqui" neste meu agora.
Mas,voltemos ao casebre.
Portas e janelas fechadas.O vento fresco arrasta um cheiro de terra,de plantas...Além de uma cantiga dolente de um galo solitário.
É domingo !
Domingo é dia de visitar os parentes,pitar um paieirinho na casa das comadres,espiar o viço das escarolas no quintal de cercas de ripas.
Devem ter saído para cumprir o ritual,atino com meus botões.
De repente,perdido na imensidão verde deste meu canto sulino,percebo-me tão solitário quanto o casebre à espera de seus recheios humanos.
Mas é uma solidão escolhida e isso me faz um bobo feliz.
[ As vezes nem eu mesmo sei de mim rsrs...]
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Uma névoa fina erguendo-se do vale,vacas ruminando preguiças,casebre resistindo ao tempo...
Há gerânios ao redor das paredes e a saudade do tempo em que falas mansas ungiam aposentos,chuvas benziam telhados por tardes inteiras e bem te vis rasgavam no bico saudações a dias ensolarados,
De repente...
[ Sou menino passarinho,com vontade voar ]
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...E os homens cruzam pela estrada d e chão batido,alheios àquele olhar safirado abandonado atrás da cerca de ripas.
Pra vencer a solidão, grilos e sapos firmam um pacto de amizade sob o matagal que brota impiedoso.
Espio -lhe à distância,registro suas formas.
A casinhola parece encabulada.
Aquele olhinho azul persegue-me até que o final da curva engula-me por inteiro.
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Joel Gomes Teixeira