FALANDO DA MÁGOA
Algumas mágoas são estridentes demais. Parecem um tijolo percorrendo um vasinho dentro do nosso rim. Abraçam a gente com tal força que chegam a esmagar a alma. Essas mágoas costumam vir de terrenos aliados, queridos até, entorpecendo a razão feito ópio elevado à infinita potência. Quem já foi alvejado por algo assim entende o que estou dizendo. Compartilha comigo dos seus estilhaços cruéis. Quem nunca viveu algo assim, não perde por esperar. Faz parte do jogo da vida ser magoado por quem se ama, já está no roteiro que iremos cumprir bem antes desse roteiro ser escrito. Magoar é tão difícil e complexo quanto respirar, suar, mexer um dedo da mão. O consolo é que o efeito dessa mágoa vai se esvaindo, pouco a pouco. E quando nos damos conta, acabou, sumiu sem deixar quaisquer vestígios. Ela se auto-destrói com a mesma maestria quanto cravou suas garras no nosso coração. Adeus, mágoa. Volte pro lugar de onde nunca deveria ter saído.