A nossa mente, apressada por demais, passa por um intenso processo de renovação de valores que se intensificam a cada ano que somamos nessa nossa estadia no complexo e extraordinário mistério da vida.
Estamos tão acostumados com a nossa realização pessoal que engavetamos a nossa essência e partimos logo para a intensa experiência de viver a vida de qualquer modo, a qualquer preço. Acovardamos-nos ao colocar em evidência os nossos desejos de conquista, como se únicos fossem, sem nos preocuparmos com as relações afetuosas que os circundam e a necessidade de se encher de empatia para entender que, neste espaço que transitamos, muito mais vale ser do que ter.
Muitos foram os seres que ao longo da evolução da humanidade se posicionaram de formas diversas e se convenceram, pela análise científica e espiritual, que não somos capazes de dominar a própria vida, a existência, tampouco de controlar os episódios que nortearão essa nossa trajetória.
Traçar uma meta é planejar a sua própria ação diante do que se pretende, mas não chegar aonde se pretendia, muitas vezes, se torna uma escola de aprendizado muito mais eficiente e eficaz.
O caminho que se percorre para se chegar ao fim a que se destina é tão importante quanto o fim, por si só.
Há uma lenda que diz que um homem muito conhecido na cidade de Antipas, frequentemente se arrastava em viagens intermináveis pela Austrália, a fim de captar recursos para aplicação nas cidades vizinhas, com o intuito de promover a circulação de bens e serviços e, consequentemente, de investir numa subsistência mais segura e opulenta.
Mas, embora tivesse vontade e coragem de arriscar em caminhos ignorados, fixou em sua mente que os recursos que precisava só seriam vistos e apalpados se viessem daquele lugar que ele sempre presumiu.
No entanto, das viagens intermináveis voltava ele, desgastado, desanimado, mas ainda preso a ideia fixa de que somente de lá, nos ares australianos, partiria o seu tesouro.
Todas as vezes que se permitia sair nessa longa viagem se abarrotava de suprimentos alimentares que o garantia, apenas, a metade da viagem. Desse modo, em meio ao trajeto, se sujeitava a parar numa pequena cidade que o permitia conseguir mais suprimentos.
Nessa cidade, conheceu Alfeu. Um homem de braços fortes, elevada musculatura e traços enrugados que o sol lhe havia presenteado ao longo de seus 52 anos de existência. Um homem calado, porém seguro de suas colocações e bastante agitado. Este homem, com quem teve a oportunidade de passar “dias a fio” devido a chuvas e outras intempéries da natureza, lhe parecia bastante peculiar e quando menos se esperava soltava uma boa frase:
- A importância das coisas não reside apenas no desejo que elas provocam, mas sim, na oportunidade que elas nos dão de perceber o caminho, suas pedras e seus espaços vazios.
Ele não conseguia compreender bem o que ele dizia, parecia um filósofo, mas isso não comovia o José de Antipas, porque o que ele queria era apenas chegar à Austrália e fazer o que era preciso.
Mas Alfeu, com sua sabedoria retirada da experiência de viver motivou José por várias vezes a conhecer o lugar de onde retirava o seu sustento e a mostrar a sua casa e família, dizendo que se ele se prontificasse daria a ele a receita que o fazia tão feliz. Mas como sempre tinha pressa, jamais quis fazer parte desse enredo. E sempre via o Alfeu como um homem simples, sem a preocupação com bens materiais, desprovido de desejos de crescimento.
Anos depois, marcaram uma grande exposição de flores em Antipas e toda a cidade foi convidada para participar do evento. Tinha cartazes para todo lado, tanta divulgação. Mas o seu José queria mesmo era voltar à Austrália, mas não tinha mais nenhum dinheiro que o fizesse ir até lá. Dorotéia sua esposa, como gosta de rosas quis logo saber do que se tratava aquele grandioso evento e foi logo procurar um ingresso para adentrar o recinto, e claro, comprou também para o José.
Nas apresentações que sobrevinham, de repente, aparece o seu Alfeu de terno e gravata e com uma flor branca na mão. José ficou intrigado e pediu para Dorotéia ficar atenta porque aquele homem era um simples cidadão que ele havia conhecido na cidade onde pousava no meio das viagens à Austrália. E Alfeu começou o seu discurso;
- Somos apressados demais em julgar as pessoas apenas pelo que vestem ou pelo que falam ou deixam de falar. Vim aqui hoje para mostrar a vocês o que consegui, até hoje, olhando para uma rosa branca. Foi numa tarde de primavera, que sem destino e sem saber o que fazer para colocar o arroz em casa, observava calmamente a beleza de uma rosa branca, que nasceu em meu jardim. Dela retirei a essência e decidi que a partir daquele dia a beleza que via seria dividida e não deixaria nunca de plantar. E foi assim que começou. No início, com muita precariedade, mas hoje, sou o segundo maior produtor de rosas brancas do Brasil, sem nenhum agrotóxico e com a beleza que não me deixa fingir essa que em minhas mãos se encontra. Quis vir aqui hoje por dois motivos: o primeiro, para mostrar a vocês que tudo é possível e, o segundo, para reencontrar o José de Antipas, um velho amigo que por minha cidade natal passou, por diversas vezes, atrás de recursos e eu, humildemente, tentei lhe dizer que devia conhecer os meus recursos para se apaixonar. Nem sei se ele vive ainda, mas se viver, entenderá o valor da frase que vocês transmitirão a ele quando o encontrar: a importância das coisas não reside apenas no desejo que elas provocam, mas sim, na oportunidade que elas nos dão de perceber o caminho, suas pedras e seus espaços vazios. E os espaços que criei para que ele pudesse fazer o que eu fiz; viver o que vivi; não lhe foram suficientes. Por isso, afirmo a vocês: O caminho é tão importante, ou mais, que a chegada.
E seu José saiu de mansinho e não ousou dizer a Alfeu quem era, afinal estava magro, triste e de pele enrugada o que o impedia de reconhecê-lo, mas de vergonha se encheu, afinal, estava tão preocupado com o cacho de uvas que nunca havia visto, apenas sonhado, que nem percebeu a beleza das rosas brancas que lhes eram dadas, todas as vezes que viajava até a Austrália.
Estamos tão acostumados com a nossa realização pessoal que engavetamos a nossa essência e partimos logo para a intensa experiência de viver a vida de qualquer modo, a qualquer preço. Acovardamos-nos ao colocar em evidência os nossos desejos de conquista, como se únicos fossem, sem nos preocuparmos com as relações afetuosas que os circundam e a necessidade de se encher de empatia para entender que, neste espaço que transitamos, muito mais vale ser do que ter.
Muitos foram os seres que ao longo da evolução da humanidade se posicionaram de formas diversas e se convenceram, pela análise científica e espiritual, que não somos capazes de dominar a própria vida, a existência, tampouco de controlar os episódios que nortearão essa nossa trajetória.
Traçar uma meta é planejar a sua própria ação diante do que se pretende, mas não chegar aonde se pretendia, muitas vezes, se torna uma escola de aprendizado muito mais eficiente e eficaz.
O caminho que se percorre para se chegar ao fim a que se destina é tão importante quanto o fim, por si só.
Há uma lenda que diz que um homem muito conhecido na cidade de Antipas, frequentemente se arrastava em viagens intermináveis pela Austrália, a fim de captar recursos para aplicação nas cidades vizinhas, com o intuito de promover a circulação de bens e serviços e, consequentemente, de investir numa subsistência mais segura e opulenta.
Mas, embora tivesse vontade e coragem de arriscar em caminhos ignorados, fixou em sua mente que os recursos que precisava só seriam vistos e apalpados se viessem daquele lugar que ele sempre presumiu.
No entanto, das viagens intermináveis voltava ele, desgastado, desanimado, mas ainda preso a ideia fixa de que somente de lá, nos ares australianos, partiria o seu tesouro.
Todas as vezes que se permitia sair nessa longa viagem se abarrotava de suprimentos alimentares que o garantia, apenas, a metade da viagem. Desse modo, em meio ao trajeto, se sujeitava a parar numa pequena cidade que o permitia conseguir mais suprimentos.
Nessa cidade, conheceu Alfeu. Um homem de braços fortes, elevada musculatura e traços enrugados que o sol lhe havia presenteado ao longo de seus 52 anos de existência. Um homem calado, porém seguro de suas colocações e bastante agitado. Este homem, com quem teve a oportunidade de passar “dias a fio” devido a chuvas e outras intempéries da natureza, lhe parecia bastante peculiar e quando menos se esperava soltava uma boa frase:
- A importância das coisas não reside apenas no desejo que elas provocam, mas sim, na oportunidade que elas nos dão de perceber o caminho, suas pedras e seus espaços vazios.
Ele não conseguia compreender bem o que ele dizia, parecia um filósofo, mas isso não comovia o José de Antipas, porque o que ele queria era apenas chegar à Austrália e fazer o que era preciso.
Mas Alfeu, com sua sabedoria retirada da experiência de viver motivou José por várias vezes a conhecer o lugar de onde retirava o seu sustento e a mostrar a sua casa e família, dizendo que se ele se prontificasse daria a ele a receita que o fazia tão feliz. Mas como sempre tinha pressa, jamais quis fazer parte desse enredo. E sempre via o Alfeu como um homem simples, sem a preocupação com bens materiais, desprovido de desejos de crescimento.
Anos depois, marcaram uma grande exposição de flores em Antipas e toda a cidade foi convidada para participar do evento. Tinha cartazes para todo lado, tanta divulgação. Mas o seu José queria mesmo era voltar à Austrália, mas não tinha mais nenhum dinheiro que o fizesse ir até lá. Dorotéia sua esposa, como gosta de rosas quis logo saber do que se tratava aquele grandioso evento e foi logo procurar um ingresso para adentrar o recinto, e claro, comprou também para o José.
Nas apresentações que sobrevinham, de repente, aparece o seu Alfeu de terno e gravata e com uma flor branca na mão. José ficou intrigado e pediu para Dorotéia ficar atenta porque aquele homem era um simples cidadão que ele havia conhecido na cidade onde pousava no meio das viagens à Austrália. E Alfeu começou o seu discurso;
- Somos apressados demais em julgar as pessoas apenas pelo que vestem ou pelo que falam ou deixam de falar. Vim aqui hoje para mostrar a vocês o que consegui, até hoje, olhando para uma rosa branca. Foi numa tarde de primavera, que sem destino e sem saber o que fazer para colocar o arroz em casa, observava calmamente a beleza de uma rosa branca, que nasceu em meu jardim. Dela retirei a essência e decidi que a partir daquele dia a beleza que via seria dividida e não deixaria nunca de plantar. E foi assim que começou. No início, com muita precariedade, mas hoje, sou o segundo maior produtor de rosas brancas do Brasil, sem nenhum agrotóxico e com a beleza que não me deixa fingir essa que em minhas mãos se encontra. Quis vir aqui hoje por dois motivos: o primeiro, para mostrar a vocês que tudo é possível e, o segundo, para reencontrar o José de Antipas, um velho amigo que por minha cidade natal passou, por diversas vezes, atrás de recursos e eu, humildemente, tentei lhe dizer que devia conhecer os meus recursos para se apaixonar. Nem sei se ele vive ainda, mas se viver, entenderá o valor da frase que vocês transmitirão a ele quando o encontrar: a importância das coisas não reside apenas no desejo que elas provocam, mas sim, na oportunidade que elas nos dão de perceber o caminho, suas pedras e seus espaços vazios. E os espaços que criei para que ele pudesse fazer o que eu fiz; viver o que vivi; não lhe foram suficientes. Por isso, afirmo a vocês: O caminho é tão importante, ou mais, que a chegada.
E seu José saiu de mansinho e não ousou dizer a Alfeu quem era, afinal estava magro, triste e de pele enrugada o que o impedia de reconhecê-lo, mas de vergonha se encheu, afinal, estava tão preocupado com o cacho de uvas que nunca havia visto, apenas sonhado, que nem percebeu a beleza das rosas brancas que lhes eram dadas, todas as vezes que viajava até a Austrália.