VISITA AO PALACIO
Herculano saíra de sua cidade natal fazia 20 anos vindo à morar na pacata capital catarinense no início dos anos 80. Conhecera quase toda a cidade, vangloriando-se de conhecer todas as praias da ilha, façanha ausente à maioria dos manezinhos. Aqui formara uma família motivo de sua felicidade e orgulho, pois com o passar do tempo se enamorara de uma linda jovem e desta união nasceram dois rebentos fortes e sadios. Porém houvera um desejo ardente de conhecer o Palácio Cruz e Sousa, talvez o único ponto turístico da cidade que Herculano ainda não conhecera. Assuntara do dia e horário que o mesmo estaria aberto à visitação pública, levando sua família numa tarde de sexta-feira, dia de folga do trabalho.
Ao adentrarem ao Palácio ficaram perplexos quando vieram saber que tinham de usar sobre seus calçados um par de pantufas afim de zelarem pelo assoalho antigo do prédio. Diante da explicação do guia concordaram em colocar as estranhas pantufas seguindo para a tão almejada visita palaciana. Ao subirem a escada principal construída com mármore de Carrara as surpresas surgem a cada instante deixando-os maravilhados com tanta beleza e luxo em seu interior.
Ao chegarem no Salão Nobre e Sala de Música são abordados por um casal muito simpático paramentados com roupas de época. Gentilmente são convidados a adentrarem o espaço onde junto ao piano uma linda jovem estava a dedilhar seu teclado entoando lindos acordes. Diante da beleza musical advinda do ambiente, Herculano junto à família sentam-se nas cadeiras disponíveis para assistirem o concerto de piano acompanhados dos demais presentes. Terminado o concerto Herculano parabeniza a jovem pelo seu talento, pois apesar de ser um humilde trabalhador é um exímio instrumentista.
Ao saírem da sala encontram dois seguranças indo ao seu encontro avisando ter passado do horário da visita haviam 45 minutos. O Museu estava encerrando suas atividades daquele dia restando apenas sua família para cerrar as portas. Sem nada entender, Herculano comenta que na Sala de Música ainda tem um grupo de pessoas parabenizando a jovem pianista pelo concerto promovido naquela tarde. Eles deveriam avisá-los para que não ficassem presos naquela sala, no que um dos seguranças retrucam que não houvera nenhum concerto naquele momento nem há muitas décadas. Com a insistência de Herculano, ambos numa só voz perguntam qual o tipo de vestimenta do povo que lá estava, ao responder tal inquirição, os seguranças indagam se não perceberam tamanha diferença de suas vestes e dos demais presentes. Por fim os visitantes compreenderam do que se tratava saindo em passos largos do Palácio sentindo calafrios, porém as crianças não paravam de comentar a roupa estranha daquele povo diferente. A alternativa fora encerrar o passeio de sexta-feira assistindo a missa na Catedral das 18h15.
Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 05.04.19