COMO TERMINA UMA HISTÓRIA

Não vou falar aqui de como termina uma história de amor, porque cada história tem seus singulares protagonistas e enredos, então se torna difícil generalizar.

Falemos então de histórias num âmbito geral.

Toda história parte a princípio de um relacionamento, seja ele amoroso, de amizade, infância, vizinhos, colegas de classe, de serviço, companheiros de time, de equipe, você e seu animalzinho de estimação.

No começo é involuntário, a gente quer ver, quer estar junto grande parte do tempo, conversa, conta histórias, dá risadas espontâneas, faz carinhos, abraça, beija, se toca, tem paciência para ouvir, tem cautela pra falar, respeita a opinião, entende que cada um tem seu “ponto de vista”, aceita conselhos e ainda reflete sobre eles, compartilha de tudo, ou quase tudo, da nossa vida.

De repente o tempo passa e nos acomodamos, as pessoas passam a fazer parte da nossa vida de uma forma, que erroneamente, nos acostumamos com suas presenças e deixamos de nos preocupar com elas, deixamos de nos atentar as suas necessidades em relação a nós. Passam muitas vezes por pessoas figurativas da nossa existência, meros coadjuvantes que nos ajudam a ser “estrelas”.

É quando passamos para o “eu” e esquecemos do “nós”.

Eu preciso, eu quero, eu posso, eu mereço...

Nesta fase quase tudo já “foi por água a baixo”, as conversas de longas horas, os toques já são desconfortáveis, a cautela ao falar se transformam em palavras agressivas, a impaciência para ouvir um desabafo é escancarada quando passamos a olhar mais pro relógio ou celular do que pra quem fala, conselhos são recebidos como intromissão, passamos a fazer dos nossos sentimentos segredos e deixamos a interpretação do conveniente ser a realidade sobre nós.

Aí já não há mais amigos, colegas, vizinhos, equipe, time. Nos tornamos individualistas e adversários num campo de batalha onde cada um quer provar ser o melhor, dono da razão e nos exilamos dentro de perfis falsos, fotos montadas, passamos a ser frases de efeito em postagens de status. Temos uma compreensão infundada da realidade na atual fase do mundo, da humanidade.

E assim terminamos nossos relacionamentos, a partir de nós mesmo, por conta de uma busca infundada onde sobreviver é ser mais que o outro, é ter mais que o outro é poder mais que o outro, ficando apenas com resto da lembrança do que um dia já fomos.

Roberta Krev
Enviado por Roberta Krev em 05/04/2019
Código do texto: T6615972
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