Sentem-se, o texto é longo...
De todos os temas abordados diariamente no Recanto, um dos mais polêmicos é política. Vale lembrar que não falo da política enquanto conceito como um substantivo feminino originado na palavra grega politiká, derivação do termo polis (Grécia Antiga), que significa “aquilo que é público”, mas sim, da arte de governar. Certo é que na atual conjectura qualquer tema de cunho ideológico e dogmático é frágil (fragilizado).
O último pleito eleitoral foi taxativo quanto à essa divisão ideológica, dois grupos fortes se formaram, Esquerda x Direita, era uma espécie de provocação direta: ou você está do lado de lá ou de cá, no muro não!
Por causa desta divisão ”ditocomica” (peguei emprestado o termo filosófico alma/corpo pra ilustrar), a intolerância ficou visível em todas as formas de atuação direta para propagar os ideais defendidos por cada candidato. De um lado, vagava o fantasma do Lula usando um lençol de Haddad, como se os dois fossem um (e eram). De dentro da prisão provisória em Curitiba era realizado o comando: entra Gleice, sai Haddad, entra genuíno, sai novidade (tem gente que atesta que o tal comando só poderia ser comparado ao PCC, só que um embalado pelo tráfico ecoturismo pela corrupção, mas há controvérsias). Do outro lado, a efetiva representação do oposto, um lema dogmático e o patriotismo. Era a imagem perfeita do resgate dos valores da família (afinal o candidato estava no seu terceiro casamento), a liberação do uso de armas (pra de acordo com eles garantir o fim da violência) e a classificação da ditadura (agora com status de período de chumbo, mas com foco celebrativo). Fora desse bolo estava uma gama representativa (1/3) que não ocupava nenhum dos dois pólos, mas que não serão citados porque o interesse é destacar os dois grupos políticos.
Foram meses de enfrentamento direto, incitação à violência até a ocorrência da (que chamo de tragédia ao processo democrático)) tentativa de assassinato do atual presidente.
Sejamos sensatos, as consequências deste crime foram os principais cabos eleitorais de Bolsonaro. O silêncio foi, sem dúvida alguma, a sua maior arma. Não que isso garantisse por si só a eleição do presidente, mas não traria nenhum desgaste político por declarações, cujos conteúdo e forma acabam por revelar quem é.
E assim o processo eleitoral transcorreu dentro daquilo que esperávamos: de um lado uma frente passiva que tinha a comoção social e do outro um grupo que gritava Lula Livre.
A isenção de vinculação política direta por meio partidário, torna fria e calculista a análise sobre o processo experimentando pela democracia brasileira.
Primeiro há de se destacar que “a galinha dos olhos de ouro” da democracia é a garantia da alternância de poder. E esta garantia não é um instrumento especulativo, mas a certeza de que, pelo voto direto, o povo tem o direito de mudar. Então Mister citar que a permanência de um grupo, qualquer que seja, muitos anos no poder, empobrece o processo democrático e, indiretamente, estratifica a economia. Por dezenas de motivos, entre eles a acomodação social.
Outra questão salutar é a implementação durante muitos anos, de uma visão ideológica particular, cujos investimentos se dão com base na “cadeia alimentar” predominante (o que não significa dominante), faz saber: se o foco é social, o investimento reflete nele os holofotes. Se não, o inverso acontece.
Outra questão medular, é a visão desfocada do processo de reconhecimento do país lá fora, há uma incoerência gigante entre o desejo da nação e o preço que se quer pagar por isso, ou se acredita na possibilidade de um país forte sem uma economia expansiva? Não, improvável.
Outra questão a citar é que saímos mais frágeis, senão mais fracos pós impeachment. E não é a questão da legalidade ou não do processo, ou do conflito entre dois grupos políticos predominantes no revezamento do poder, ou ainda, do festival de intolerâncias em forma de ódio (expresso como preconceito ou discriminação) visto e lido, mas o que "assistimos", de forma explícita, mostra o quão vulnerável é a democracia e como estamos mal representados no Congresso, na justiça e na paz. Este festival de denúncias/farpas/dramatização causa uma espécie de "apatia da inércia social" que assola os céticos que não pertencem a grupo algum, uma alienação estrutural, uma descrença total, desesperança e indiferença. É tanta sujeira, tanta manobra, tanto sapateado sobre a constituição que dá uma vontade de "acreditar" que não vale a pena entrar em brigas desnecessárias (e a maioria acredita), que não é preciso resistir, afinal, enquanto alguns ferozmente se batem, combatem e rebatem (para defender o indefensável), eles seguem "felizes para sempre" driblando a justiça e "caçando" as brechas das leis (que eles mesmos criaram). Os interesses políticos escusos são uma epidemia e a honestidade é condição e não atributo. Os meios de comunicação nos colocam frente a frente com a notícia, mas também a surrupiam de foma leviana ou a conduzem de forma negligente, imperita, impudente. Impusemos caixotes em pessoas e pessoas em caixotes, e fizemos um mix, depois de triturar, amassar e assar: ou você come (comunista) ou você é comida (coxinha). Um governo para apagar um fogo, não tem tempo de pesquisar qual o melhor método e planejar, mas sim, vai na tentativa, "é meio pegar ou largar", vai que cola, como com a reforma da previdência.
Dito isso, de forma prolixa (não haveria outro modo) saímos do processo de apontamentos da realidade nua e crua para não cairmos de para quedas na política dos políticos.
A única constatação conveniente neste momento é que, embora tenhamos ou estejamos, militando em qualquer dos pólos políticos predominantes, a eleição acabou! E a fragilidade da democracia esboçada pelo impeachment não pode traduzir nossas aspirações como se o tempo todo o poder tivesse que ser tomado, causando uma espécie de insegurança em todas as vertentes.
É preciso olhar para o Brasil como sendo a nossa nação e se esforçar para participar do processo de construção. Disseminar ódio não vai acabar com a corrupção. Nem vai devolver valores inerentes às famílias, perdidos pela nossa ausência, cada um tem o seu papel. A política é arte e correr atrás faz parte. Por mais remos e menos icebergs. O navio não pode afundar, estamos nele. É isso!
De todos os temas abordados diariamente no Recanto, um dos mais polêmicos é política. Vale lembrar que não falo da política enquanto conceito como um substantivo feminino originado na palavra grega politiká, derivação do termo polis (Grécia Antiga), que significa “aquilo que é público”, mas sim, da arte de governar. Certo é que na atual conjectura qualquer tema de cunho ideológico e dogmático é frágil (fragilizado).
O último pleito eleitoral foi taxativo quanto à essa divisão ideológica, dois grupos fortes se formaram, Esquerda x Direita, era uma espécie de provocação direta: ou você está do lado de lá ou de cá, no muro não!
Por causa desta divisão ”ditocomica” (peguei emprestado o termo filosófico alma/corpo pra ilustrar), a intolerância ficou visível em todas as formas de atuação direta para propagar os ideais defendidos por cada candidato. De um lado, vagava o fantasma do Lula usando um lençol de Haddad, como se os dois fossem um (e eram). De dentro da prisão provisória em Curitiba era realizado o comando: entra Gleice, sai Haddad, entra genuíno, sai novidade (tem gente que atesta que o tal comando só poderia ser comparado ao PCC, só que um embalado pelo tráfico ecoturismo pela corrupção, mas há controvérsias). Do outro lado, a efetiva representação do oposto, um lema dogmático e o patriotismo. Era a imagem perfeita do resgate dos valores da família (afinal o candidato estava no seu terceiro casamento), a liberação do uso de armas (pra de acordo com eles garantir o fim da violência) e a classificação da ditadura (agora com status de período de chumbo, mas com foco celebrativo). Fora desse bolo estava uma gama representativa (1/3) que não ocupava nenhum dos dois pólos, mas que não serão citados porque o interesse é destacar os dois grupos políticos.
Foram meses de enfrentamento direto, incitação à violência até a ocorrência da (que chamo de tragédia ao processo democrático)) tentativa de assassinato do atual presidente.
Sejamos sensatos, as consequências deste crime foram os principais cabos eleitorais de Bolsonaro. O silêncio foi, sem dúvida alguma, a sua maior arma. Não que isso garantisse por si só a eleição do presidente, mas não traria nenhum desgaste político por declarações, cujos conteúdo e forma acabam por revelar quem é.
E assim o processo eleitoral transcorreu dentro daquilo que esperávamos: de um lado uma frente passiva que tinha a comoção social e do outro um grupo que gritava Lula Livre.
A isenção de vinculação política direta por meio partidário, torna fria e calculista a análise sobre o processo experimentando pela democracia brasileira.
Primeiro há de se destacar que “a galinha dos olhos de ouro” da democracia é a garantia da alternância de poder. E esta garantia não é um instrumento especulativo, mas a certeza de que, pelo voto direto, o povo tem o direito de mudar. Então Mister citar que a permanência de um grupo, qualquer que seja, muitos anos no poder, empobrece o processo democrático e, indiretamente, estratifica a economia. Por dezenas de motivos, entre eles a acomodação social.
Outra questão salutar é a implementação durante muitos anos, de uma visão ideológica particular, cujos investimentos se dão com base na “cadeia alimentar” predominante (o que não significa dominante), faz saber: se o foco é social, o investimento reflete nele os holofotes. Se não, o inverso acontece.
Outra questão medular, é a visão desfocada do processo de reconhecimento do país lá fora, há uma incoerência gigante entre o desejo da nação e o preço que se quer pagar por isso, ou se acredita na possibilidade de um país forte sem uma economia expansiva? Não, improvável.
Outra questão a citar é que saímos mais frágeis, senão mais fracos pós impeachment. E não é a questão da legalidade ou não do processo, ou do conflito entre dois grupos políticos predominantes no revezamento do poder, ou ainda, do festival de intolerâncias em forma de ódio (expresso como preconceito ou discriminação) visto e lido, mas o que "assistimos", de forma explícita, mostra o quão vulnerável é a democracia e como estamos mal representados no Congresso, na justiça e na paz. Este festival de denúncias/farpas/dramatização causa uma espécie de "apatia da inércia social" que assola os céticos que não pertencem a grupo algum, uma alienação estrutural, uma descrença total, desesperança e indiferença. É tanta sujeira, tanta manobra, tanto sapateado sobre a constituição que dá uma vontade de "acreditar" que não vale a pena entrar em brigas desnecessárias (e a maioria acredita), que não é preciso resistir, afinal, enquanto alguns ferozmente se batem, combatem e rebatem (para defender o indefensável), eles seguem "felizes para sempre" driblando a justiça e "caçando" as brechas das leis (que eles mesmos criaram). Os interesses políticos escusos são uma epidemia e a honestidade é condição e não atributo. Os meios de comunicação nos colocam frente a frente com a notícia, mas também a surrupiam de foma leviana ou a conduzem de forma negligente, imperita, impudente. Impusemos caixotes em pessoas e pessoas em caixotes, e fizemos um mix, depois de triturar, amassar e assar: ou você come (comunista) ou você é comida (coxinha). Um governo para apagar um fogo, não tem tempo de pesquisar qual o melhor método e planejar, mas sim, vai na tentativa, "é meio pegar ou largar", vai que cola, como com a reforma da previdência.
Dito isso, de forma prolixa (não haveria outro modo) saímos do processo de apontamentos da realidade nua e crua para não cairmos de para quedas na política dos políticos.
A única constatação conveniente neste momento é que, embora tenhamos ou estejamos, militando em qualquer dos pólos políticos predominantes, a eleição acabou! E a fragilidade da democracia esboçada pelo impeachment não pode traduzir nossas aspirações como se o tempo todo o poder tivesse que ser tomado, causando uma espécie de insegurança em todas as vertentes.
É preciso olhar para o Brasil como sendo a nossa nação e se esforçar para participar do processo de construção. Disseminar ódio não vai acabar com a corrupção. Nem vai devolver valores inerentes às famílias, perdidos pela nossa ausência, cada um tem o seu papel. A política é arte e correr atrás faz parte. Por mais remos e menos icebergs. O navio não pode afundar, estamos nele. É isso!