Como brasileira nata que sou, não desisto nunca! Já que as linhas de Hal Elton no “O Milagre da Manhã” não me sacudiram o bastante para preparar uma limonada Suíça (só pra ilustrar uma ideia de riqueza) pra dar fim à estes limões que andam aterrorizando a minha mente fui procurar no Submarino um “best seller” ilustrado pra mudar de vida. E para minha surpresa estava ele lá, criteriosamente colocado como ”ocouncour” ficando bem próximo do Arte de ligar o Foda-se (essa eu domino, literalmente), o Milagre da Manhã era o que há (menos pra mim).
Na livraria fui logo levando a mão até que, as mãos de um jovem garoto de cabelo ouriçado, no mesmo movimento e na mesma direção, vem de encontro com a minha. Eu segurei, ele também. Olhamos um para outro esperando um sinal, eu do tipo: fique a vontade, sou um cavalheiro. Ainda presos, avistamos o vendedor que veio nos dar a notícia: só temos este exemplar. Naquela hora eu já queria ligar o foda-se, jogar capoeira em meio às prateleiras e rodar o pé circular terminando num toque certeiro capaz de criar uma queda triunfal, mas o lobo do mal foi afogado pelo do bem e a minha língua não resistiu: - Pode levar! Abri um sorriso. O menino dos cabelos agora atrapalhados (era minha vingança de recalque) nem disse um obrigado, sequer com um sorriso e partiu caixa, sem a notinha (ousado hein, menino?) e eu fiquei agradecendo ao vendedor, e fui vendo a minha imagem se despedindo daquele enorme vidro transparente, pelo qual, via o menino sumindo (desaparecendo, claro).
Antes que buscasse a escada rolante daquele shopping, tropecei num menino que corria desesperadamente com um sorvete na mão (na verdade ele veio pulando ao meu encontro e olha que tentei deixar o gol aberto), antes de me desculpar, um flashback: fui eu que preguei o Cristo na cruz, fui eu que coloquei vinagre em suas feridas, fui eu que roubei as esmolas da igreja durante o Jubileu, fui eu que matei a irmã Doroty não tem explicação esse azar, parece piada e olhei para o menino e nada, nenhum pinguinho do sorvetinho de glicose docinho, eu, claro agora tinha “regra” no peito e abdômen, uma linda tatuagem de morango num fundo nude. Mas, coitado do menino... Era só um menino.
Na escada rolante, bem do outro lado avisto um velho conhecido que acena eufórico. Eu, levada pela emoção de vê-lo e... Pimba! Saia longa agora pertencia a um rolo (era o rolo compressor da vergonha que se apossava de mim como se fosse um espírito), botão apertado, shopping lotado, o povo me olhando de todo lado, agora era vez de ser chamado retardado (no masculino só para rimar)já despontava o funk melody mentalmente quando, o segurança do shopping sugeriu que trocasse de roupas para evitar inconvenientes e causar acidentes graves (seu guarda eu não sou vagabundo eu não sou delinquente, sou uma moça descente que...). Agora era eu, a saia amassada, a raiva e o Bruno e Marrone, tudo isso junto e misturado.
Entrei na primeira loja e fui logo arrastando uma calça jeans desbotada (bem como estava a minha cara), entrei no provador e deu tudo certo, saí com as etiquetas para pagar no caixa. Só tinha um aberto, horário de almoço e mais ou menos umas 7 pessoas na minha frente. Quando chegou minha vez, estava plena, indo, quando a moça me interrompe: o sistema teve uma pane, vamos ter que atualizá-lo, não se preocupe, leva de 20 a 40 minutos. Se tiver algo para fazer no shopping deixe suas compras aqui no caixa que vou guardar pra você (claro que deixo moça, quer que deite de bruços ou de barriga pra baixo no seu balcão ou quer que sente no seu colo). Pedi desculpas (nem eu sei porque, talvez pelo que pensei) agradeci a bondade e disse que aguardaria ali mesmo, onde fiquei por 20 minutos. Até que o sistema voltou. Já no caixa a moça pergunta se tenho o cartão da loja: - Sim, tenho. Vou pegar. E como se a tempestade espiritual me canalizasse, ao abrir a bolsa para localizar a carteira caiu a caneta, abaixei pra pegar e caiu tudo, literalmente. E todos vieram na minha direção tentando ajudar e enquanto cada um segurava uma parte minha (tenho apegos), eu tentava buscar os pedaços da minha cara no chão (feito quebra-cabeças em quarto de criança), envergonhada agradeci e fui entregar o dinheiro. Quando a moça me perguntou se queria mais alguma coisa, eu disse sem pestanejar: eu só queria a arte de ligar o foda-se, mas não deu. A moça coitada, pensando que queria mesmo interagir, sorriu provocativa e soltou: Foder é verbo. Eu saí calada.
PS. Quero aproveitar para homenagear o Murphy. Deus o tenha. A sua lei é implacável.
Na livraria fui logo levando a mão até que, as mãos de um jovem garoto de cabelo ouriçado, no mesmo movimento e na mesma direção, vem de encontro com a minha. Eu segurei, ele também. Olhamos um para outro esperando um sinal, eu do tipo: fique a vontade, sou um cavalheiro. Ainda presos, avistamos o vendedor que veio nos dar a notícia: só temos este exemplar. Naquela hora eu já queria ligar o foda-se, jogar capoeira em meio às prateleiras e rodar o pé circular terminando num toque certeiro capaz de criar uma queda triunfal, mas o lobo do mal foi afogado pelo do bem e a minha língua não resistiu: - Pode levar! Abri um sorriso. O menino dos cabelos agora atrapalhados (era minha vingança de recalque) nem disse um obrigado, sequer com um sorriso e partiu caixa, sem a notinha (ousado hein, menino?) e eu fiquei agradecendo ao vendedor, e fui vendo a minha imagem se despedindo daquele enorme vidro transparente, pelo qual, via o menino sumindo (desaparecendo, claro).
Antes que buscasse a escada rolante daquele shopping, tropecei num menino que corria desesperadamente com um sorvete na mão (na verdade ele veio pulando ao meu encontro e olha que tentei deixar o gol aberto), antes de me desculpar, um flashback: fui eu que preguei o Cristo na cruz, fui eu que coloquei vinagre em suas feridas, fui eu que roubei as esmolas da igreja durante o Jubileu, fui eu que matei a irmã Doroty não tem explicação esse azar, parece piada e olhei para o menino e nada, nenhum pinguinho do sorvetinho de glicose docinho, eu, claro agora tinha “regra” no peito e abdômen, uma linda tatuagem de morango num fundo nude. Mas, coitado do menino... Era só um menino.
Na escada rolante, bem do outro lado avisto um velho conhecido que acena eufórico. Eu, levada pela emoção de vê-lo e... Pimba! Saia longa agora pertencia a um rolo (era o rolo compressor da vergonha que se apossava de mim como se fosse um espírito), botão apertado, shopping lotado, o povo me olhando de todo lado, agora era vez de ser chamado retardado (no masculino só para rimar)já despontava o funk melody mentalmente quando, o segurança do shopping sugeriu que trocasse de roupas para evitar inconvenientes e causar acidentes graves (seu guarda eu não sou vagabundo eu não sou delinquente, sou uma moça descente que...). Agora era eu, a saia amassada, a raiva e o Bruno e Marrone, tudo isso junto e misturado.
Entrei na primeira loja e fui logo arrastando uma calça jeans desbotada (bem como estava a minha cara), entrei no provador e deu tudo certo, saí com as etiquetas para pagar no caixa. Só tinha um aberto, horário de almoço e mais ou menos umas 7 pessoas na minha frente. Quando chegou minha vez, estava plena, indo, quando a moça me interrompe: o sistema teve uma pane, vamos ter que atualizá-lo, não se preocupe, leva de 20 a 40 minutos. Se tiver algo para fazer no shopping deixe suas compras aqui no caixa que vou guardar pra você (claro que deixo moça, quer que deite de bruços ou de barriga pra baixo no seu balcão ou quer que sente no seu colo). Pedi desculpas (nem eu sei porque, talvez pelo que pensei) agradeci a bondade e disse que aguardaria ali mesmo, onde fiquei por 20 minutos. Até que o sistema voltou. Já no caixa a moça pergunta se tenho o cartão da loja: - Sim, tenho. Vou pegar. E como se a tempestade espiritual me canalizasse, ao abrir a bolsa para localizar a carteira caiu a caneta, abaixei pra pegar e caiu tudo, literalmente. E todos vieram na minha direção tentando ajudar e enquanto cada um segurava uma parte minha (tenho apegos), eu tentava buscar os pedaços da minha cara no chão (feito quebra-cabeças em quarto de criança), envergonhada agradeci e fui entregar o dinheiro. Quando a moça me perguntou se queria mais alguma coisa, eu disse sem pestanejar: eu só queria a arte de ligar o foda-se, mas não deu. A moça coitada, pensando que queria mesmo interagir, sorriu provocativa e soltou: Foder é verbo. Eu saí calada.
PS. Quero aproveitar para homenagear o Murphy. Deus o tenha. A sua lei é implacável.