BOBAGENS

A Internet, esse grande e espetacular lixão do pensamento humano, tem de tudo e aceita tudo. Felizmente. Não importa se há sites estúpidos, como os de pedofilia ou nazistas. Esses, as leis de cada país e o bom senso dos que não gostam de pedófilos nem de nazistas (que, acredito, devem ser a imensa maioria) acabam por excluir. O que importa é a democratização do conhecimento que a Internet começa a promover. Digo começa porque há ainda um grande caminho a percorrer, até que a rede alcance toda a população do mundo, sem exceções.

Mas, ia dizendo que há de tudo nesse lixão imenso. Fuçando, a gente encontra coisas engraçadas. Num site, provavelmente católico, cujo endereço é

http://our.homewithgod.com/drleadnet/intellectus/contradicoes_u.htm

um artigo denominado As Contradições do Ateísmo, o articulista, um tal de Dr Leadnet, diz que (todo o texto em grifo é dele) muitos ateus (cujas verdadeiras motivações para a crítica nada têm a ver com lógica) apelam, frequente e conscientemente, para as tão conhecidas falácias da lógica. Vamos a alguns breves exemplos:

1-Apresentar ou afirmar uma conclusão baseada no fato de alguém não ter podido responder a uma questão de elevada complexidade ou a uma pergunta intencionalmente formulada com o intuito de deixar o interlocutor confuso ou emocionalmente influenciado.

2-Apresentar uma conclusão após distrair a atenção e o raciocínio do interlocutor com a colocação de uma mistura de informações fragmentadas as quais não apoiam e nem validam a conclusão preliminar baseada em dedução pessoal.

3-Procurar forçar uma conclusão baseada em limitadas opções de resposta as quais foram, erroneamente, apresentadas como as únicas opções para a questão.

4-Afirmar uma conclusão após, ilegitimamente, forçar uma errônea e/ou impossível comparação entre duas coisas.

5-Apresentar conclusões em um determinado momento onde não se possa apresentar uma outra premissa que prove o contrário.

6-Apresentar conclusões após, deliberadamente, desconsiderar os aspectos mais complexos de uma questão, levando assim o ouvinte a admitir uma afirmação dedutiva sem a análise do essencial do que esteja em foco.

8-Apresentar conclusões que nada mais sejam do que diferentes reafirmações de uma mesma asseveração, levando-se em conta a mesma premissa, não a colocando, portanto, a fim de ser questionada, mas revalidando-a, ilegitimamente, baseada em ciclos viciosos de repetições e de reafirmações das mesmas premissas.

9-Apresentar conclusões distorcendo o real significado de termos e de conceitos, onde a ênfase gramatical ou a emoção podem, eventualmente, conduzir a uma aceitação meramente dedutiva da premissa.

10-Apresentar conclusões tomando-se em consideração premissas baseadas em teses.

Ora, eu poderia, também dizer que, em defesa de suas teses (se você leu atentamente os argumentos acima, nem precisa gastar seu tempo: são os mesmos! Vá, portanto, para o final do artigo, que é mais interessante), os deístas (cujas verdadeiras motivações para a crítica nada têm a ver com lógica) apelam, frequente e conscientemente, para as tão conhecidas falácias da lógica. Vamos a alguns breves exemplos:

1-Apresentar ou afirmar uma conclusão baseada no fato de alguém não ter podido responder a uma questão de elevada complexidade ou a uma pergunta intencionalmente formulada com o intuito de deixar o interlocutor confuso ou emocionalmente influenciado.

2-Apresentar uma conclusão após distrair a atenção e o raciocínio do interlocutor com a colocação de uma mistura de informações fragmentadas as quais não apóiam e nem validam a conclusão preliminar baseada em dedução pessoal.

3-Procurar forçar uma conclusão baseada em limitadas opções de resposta as quais foram, erroneamente, apresentadas como as únicas opções para a questão.

4-Afirmar uma conclusão após, ilegitimamente, forçar uma errônea e/ou impossível comparação entre duas coisas.

5-Apresentar conclusões em um determinado momento onde não se possa apresentar uma outra premissa que prove o contrário.

6-Apresentar conclusões após, deliberadamente, desconsiderar os aspectos mais complexos de uma questão, levando assim o ouvinte a admitir uma afirmação dedutiva sem a análise do essencial do que esteja em foco.

8-Apresentar conclusões que nada mais sejam do que diferentes reafirmações de uma mesma asseveração, levando-se em conta a mesma premissa, não a colocando, portanto, a fim de ser questionada, mas revalidando-a, ilegitimamente, baseada em ciclos viciosos de repetições e de reafirmações das mesmas premissas.

9-Apresentar conclusões distorcendo o real significado de termos e de conceitos, onde a ênfase gramatical ou a emoção podem, eventualmente, conduzir a uma aceitação meramente dedutiva da premissa.

10-Apresentar conclusões tomando-se em consideração premissas baseadas em teses.

Pois é: ateus e deístas podem apresentar os mesmos tais princípios lógicos para se atacarem. Não é interessante?

Ao contrário dos argumentos do articulista sobre as tais contradições do ateísmo, que nem vou repetir aqui (quem quiser que o leia no site indicado, pois são uma coleção de bobagens), volto a enfatizar algo que tenho escrito: O ATEÍSMO NÃO É UMA FILOSOFIA. É APENAS A DESCRENÇA (NATURAL) EM UM DEUS, EM UM CRIADOR. NADA MAIS. ALIÁS, NEM É PROPRIAMENTE UMA DESCRENÇA, É AFIRMAR QUE NÃO EXISTE DEUS, QUE NÃO EXISTEM DEUSES. Querer que o ateísmo substitua na mente das pessoas todo o arcabouço de filosofias, crenças, visão de mundo, atitudes, preceituário ético etc, das crenças deístas é uma grande bobagem. NÃO ACEITAR A EXISTÊNCIA DE DEUS NÃO SIGNIFICA NÃO TER UM CONJUNTO ÉTICO DE VIDA. O ateu é, repito, apenas uma pessoa que não aceita a crença estúpida e anti-natural da existência de um ser supremo. É, por isso, um livre pensador, como muitos se autodenominam, sem as peias e as amarras de livros sagrados, de verdades absolutas, de teologias excludentes, de sistemas rígidos de raciocínio. No mais, ele pode ser o que quiser ou a educação ou o meio onde vive o levarem: benemérito da humanidade ou carrasco nazista; corintiano ou palmeirense; bom cidadão ou sonegador de impostos... Exatamente como todos os demais seres desse planeta, inclusive os deístas.

E outra coisa: fazer a crítica das religiões, de qualquer religião, nada tem a ver com ateísmo. Uma pessoa pode, perfeitamente, não concordar com os princípios que regem as religiões e ser deísta, ou seja, acreditar num criador e tudo o mais. É claro que, como ateu, eu posso e devo, de acordo com minha consciência, denunciar as mazelas e, aí sim, as contradições das religiões estabelecidas em torno da crença em um criador. Mas, poderia também ficar calado e a existência dessas seitas ser absolutamente indiferente para mim.

E expliquemos ainda mais: a crença deísta é imposta através da educação, do meio, da palavra de pais, professores, padres, rabinos etc. Se não se falar em deus para uma criança, ela crescerá sem saber o que é isso, e mais: nem será deísta nem ateia, apenas um ser natural, que não precisa de um criador para existir, viver e ser uma pessoa como qualquer outra, com sentimentos e pensamentos, com uma filosofia de vida e com princípios éticos em relação a si mesma, aos outros e ao mundo que a rodeia. (*) O resto são bobagens para as quais já se gastou energia demais do ser humano para inventar e manter deuses, templos, rituais com cosmogonias, teogonias e teosofias. E ponto final.

(*) Uma lembrança agradável da juventude (e irônica, claro): Tarzã, o rei dos macacos, por eles criado na selva, na concepção de Edgar Rice Burroughs, não tinha nenhuma religião ou crença em qualquer macaco criador ou superior.

24.3.2006