BURRICE E VAIDADE. DITADURA .

Michelangelo ao terminar seu Moisés, que comove, visível na Igreja de San Pietro In Vinculi, em Roma, quis vê-lo de pé, que ele se levantasse e falasse, andasse. Bateu com o cinzel em seu joelho. Ordenou que andasse. Para ele era humano. Era vaidade?

Não, via a escultura tão viva que pretendeu sua humanização. Um gesto de sadia loucura comum aos gênios, não sabia o que era vaidade, já consagrado unanimemente. E quantos vaidosos se vê em todos os espaços. É razoável se orgulhar do que se fez em favor de uma ciência, de uma corporação, da sociedade, e o orgulho é pela conquista do bem que se fez. Nada pessoal.

Em qualquer lugar temos essa visão da vaidade. Compreende-se, a vaidade é humana, embora baixo valor pessoal, traço de pessoas que nada fizeram para o todo, diga-se, nem para si mesmo, com entraves declinados para viver uma vida normal. O que se chama de mal sucedido.

Mas são vaidosos, isso satisfaz ao seu “arquivo pessoal”.

O vaidoso não conhece limites, mostra o final de uma autofagia de si mesmo e envolve a propagação de "méritos", não os tendo.

É assim que se viu e se vê na história. Nada tinham a oferecer, nem aos seus próximos o médio puderam oferecer. Sofrem necessidades. Nada construíram que saciasse com conforto o básico.

A configuração da pessoalidade não se faz só de materialidade e nem de espiritualidade.Mas não somos anacoretas, viver para isso, até em isolamento, pelo necessário, por ele temos que lutar, nos empenharmos, enfim vencer as intempéries da vida, VIVER DÁ TRABALHO....E DEMANDA ESFORÇO PESSOAL.

São apanágios de si mesmos, plateia e artista, tela e pintor, aplauso solitário de vaidades confessadas em locais de trocas , trocam com iguais, nivelados em meia dúzia de obséquios que a vaidade negocia.

A vaidade é fútil e fato formal fácil de constatar. Querem ser o que não podem ser, nunca foram nem serão. E não têm nem mesmo a condição pequena de inteligência para subtrair esse traço que extravasa na inveja e na crítica a quem possui o que queriam ter e ser e não têm ou são. É matemático.

Vaidade é adjetivo pesado, mostra carência. Qual ou quem tem razão para vaidade?

O homem é produto do meio e da etiologia; relevemos e aceitemos, é nossa obrigação na desigualação dos iguais. Somos iguais como pessoas e desiguais em genética e concessões da natureza em privilegiar mais uns do que outros.

Nunca pessoas inteligentes serão vaidosas, disso desnecessitam por não incorporarem graves limitações, e serem reconhecidas naturalmente.

Com a desenvoltura do trabalho e o sucesso chegam os outros bens.

Termo forte mas realista, afetação, incorporando hoje as tratativas do maior semiólogo que se viu nestas épocas, Umberto Ecco, andamentos da mesma sinfonia desafinada. Imbecilidade, burrice.

Nunca se ouvirá de uma pessoa inteligente se dizer vaidosa, ou se mostrar vaidosa pelo que é ou fez, seria a autenticação da insuficiência, atestado real do próprio punho da ausência de suas fortes balizas de compreensão do estado do homem no mundo, seus sentimentos, atuações, projeções e sensibilidades. Um sentimento reles, rasteiro, pejorativo em causa própria, e que desnuda a real dimensão de quem o manifesta.

Quem vive suas realidades, no fausto e abrangências pertinentes, serviços e préstimos de ajuda e ensinamentos adquiridos vive seu mundo, não precisa apregoar vaidades.

Desafio a quem conhece a obra de vultos célebres a encontrarem uma só frase do monumento do pensamento humano onde exista um traço de vaidade demonstrada.

Só o insuficiente é vaidoso confesso, no que diz, o popular “imbecil” de Umberto Ecco que anda solto articulando desconstrução. Por vezes consideram o desconhecimento, em sua maior largueza. O que é isso? Vaidade.

O que é vaidade por aqui por exemplo? Uma pessoa qualquer, SEM NENHUMA AUTORIDADE SOCIOLÓGICA, dizer que estamos em uma ditadura. Conhece o que seja ditadura semanticamente e morfologicamente? Conhece formalmente? Conhece nonadas...

Grandes ou medianos cérebros, desconhecidos e que transitam entre nós, não pensam no que produzem em quaisquer termos para si, mas para a ordem geral que comanda os destinos da humanidade. Não têm tempo em suas consciências para entregarem seus egos a tais pobrezas de espírito, não estão disponíveis para inferioridades, antes preenchem o tempo com suas inteligências em favorecimento da humanidade.

Conheço alguns anônimos para a nação brasileira, parcialmente aparecendo, praticamente nada, que muito fazem para a sociedade em termos de trabalho, estudo e pesquisa para erigir normas de convívio. Um grande esforço e gigantesca pesquisa em direito comparado. Ninguém os conhece, não precisam para ter mérito serem conhecidos, são cientistas, seu retorno é sua contribuição que se dá nos bastidores.

Não são imbecis ou vaidosos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/04/2019
Reeditado em 03/04/2019
Código do texto: T6614384
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.