Quão brilhante é o homem?

Lendo um livro sobre filosofia, bem no início da tarde, recaiu sobre minha consciência o fato de que o homem é brilhante. Como é bizarro, assustador e, ao mesmo tempo, lindo, o fato de que, em um curto espaço de tempo, somos capazes de nos reinventar e evoluir. Exemplos em minha mente surgiam à medida que a minha teia de pensamentos se expandia. Em menos de 70 anos nós fomos capazes de lançar-nos no ar e pousarmos, com toda leveza e imponência, na lua.

Não se pode esquecer, é claro, que, em pouquíssimos anos, fomos de uma era de avanço tecnológico e prosperidade à escuridão profunda de duas guerras mundiais, em que irmãos (não de berço, mas de humanidade) se matavam no dia a dia como se estivessem checando se o carteiro lhes deixou alguma carta: coisa que odiamos fazer, mas é importante. Claro, não se pode culpar os jovens estudantes de Oxford que lutaram bravamente por sua nação, ou os homens do dia a dia que pouco influenciam na vida de outrem, e sim os líderes (sim, os que deviam cuidar de seu povo e, em seu próprio ofício, falharam, e ainda falham, miseravelmente).

Nós, diferentemente das lagostas ou das angiospermas, dos esquilos e dos elefantes, dos peixes e das águias, somos os únicos animais capazes de criarmos um meio para nosso próprio fim. Bombas atômicas, armas geoclimáticas e tudo aquilo que, inevitavelmente, se usado, pode extinguir toda a vida humana. Já passamos por momentos de alta tensão, em que não sabíamos se observaríamos o sol nascer no dia seguinte, em que o tempo já havia perdido o sentido, já não era mais algo, digamos, infinito. Se nem os meteorologistas são capazes de nos afirmar com toda a certeza o clima de amanhã, quem sou eu para expor como será nosso futuro? Os próximos 50 anos serão ensinados, na escola, para nossos bisnetos, como um exemplo de prosperidade ou como um exemplo de horror e mediocridade?