O pulo do gato

 
Tenho acompanhado os noticiários, e o que vejo é um tanto desalentador, pois estamos vivendo tempos conturbados; com um governo novo em muito inexperiente na arte de governar, que difere muito da atuação parlamentar, mesmo que o dignatário do cargo bata no peito e brade ao mundo que foi parlamentar por anos, isto não o credencia para efetuar negociações de interesse nacional junto ao Congresso. Falta um articulador, falta uma pessoa de timbre e energia vital para amealhar votos importantes na Reforma já tão mexida e remexida, que sabemos será a cartada inicial no processo de "arrumação da casa", visto que está de pernas pro ar.

Uma coisa é fato, sem articulação, nada se consegue, isto vale tanto para projetos de grandes proporções e alcance, como coisas simples como uma simples organização em casa, com família e pessoas "acessórias", que de uma forma ou de outra contribuem com o andamento da rotina ou do bem estar  que é de sejo comum.

Aqui, como observadora, vejo que o governo bate cabeça e fala umas coisas, desdiz outras e fica uma interminável roda de conversas a esmo, falas desconexas com o  contexto real do Brasil e muita, muita especulação em mídias sociais. O grande pulo do gato seria usar e manusear de forma mais direta, construtiva e contribuitiva as redes e seu alcance vertiginoso, para esmiuçar a Reforma Previdenciária que é algo impopular e desagrada a gregos e troianos, mas essencial ao futuro da nação com sua população envelhecendo e poucos contribuindo. Infelizmente, vemos que há muitos absurdos na comunicação do executivo e isto gera muito bate boca a toa, e perdemos tempo precioso e, talvez, perderemos as votações, senão na Câmara, no Senado certamente , e aí, busquemos  então paliativos e ajustes sem efeitos significativos. 

Fazendo uma relação um tanto esdruxula com a literatura, creio que o escritor padece deste mal da articulação das palavras quando deixa o roteiro cansativo e maçante, em nada buscando pontos para alavancar o enredo, deixando o leitor apático ao contexto e ao propósito do texto. Falo isto, pois estou lendo O Grande Gatsby, e confesso, estou achando um tanto cansativo e parada a narrativa, mas aí vem o tal pulo do gato, o escritor, fica a construir cenários de época e detalhar, o que é chato, mas traz junto uma "batalha" de personas e seus conflitos amorosos com toques sutis de uma hipocrisia desenhada escondendo a  tristeza, o desalento  e o fracasso que os personagens vivem , o que tira de foco o ambiente soturno  e dá um suspiro na narrativa.

Voltando ao contexto político, não sou assessora de imprensa, Coaching ou muito menos Personal, alguma coisa, tem aos montes por aí, apenas uma cidadã que vê os projetos idealizados e construídos ao longo da campanha se tornarem meros ectoplasmas em discussões parlamentares e troca de acusações entre os poderes (Executivo e Legislativo, vai sobrar já, já para o STF), e nada de bom se vê sobressaindo desta caldo de poderes inflamados e desarticulados. 

Não sendo pessimista, mas realista, precisamos de mais  flexibilidade de negociações, e nisto não digo, negociatas, mas habilidade no trato e no zelo do futuro do país.Um governo desarticulado, sem agilidade para se manter atento e fazer o gancho em questões polêmicas e impopulares para transformar o descrédito em ganho, mostra-se um governo fraco e inoperante, a história está cheia de nomes e fatos que comprovam o fato.



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Lia Fátima
Enviado por Lia Fátima em 02/04/2019
Reeditado em 12/04/2019
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