Papa: rezar, celebrar e imitar Jesus para conhecê-Lo.
Para conhecer Jesus, não basta estudar, mas rezar e imitá-Lo: palavras do Papa Francisco em Missa celebrada na Casa Santa Marta.
Comentando a afirmação de Jesus “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, Francisco observou que o “conhecimento de Jesus é o trabalho mais importante da nossa vida”.
Para isso, o estudo é sim importante, mas não suficiente. “Algumas pessoas, afirmou ele, acreditam que somente as ideias nos levarão ao conhecimento de Jesus. Inclusive entre os primeiros cristãos se pensava assim. Mas, no final, ficam presos em seus pensamentos:
As ideias por si só não dão vida e quem percorre o caminho somente das ideais acaba num labirinto e não sai mais! É por isso que, desde o início da Igreja, existem as heresias. As heresias são isto: tentar entender quem é Jesus somente com a nossa mente e a nossa luz. Um grande escritor inglês dizia que a heresia é uma ideia que enlouqueceu. É assim. Quando as ideais estão sós, enlouquecem… Este não é o caminho!
(A visão do Homem-Deus é única no planeta terra e em consequência fustiga intelectos, talentos e consciências, da angústia de Kant, filósofo agnóstico maior a curvar-se a uma Primeira-causa, maiúscula como ele mesmo grafa, recusando a eternidade, mas submetido ao regime causal, até à consciência do invulgar Bonaparte que deu ao mundo a Bíblia-constituinte da cidadania civil, dizendo conhecer muito bem os homens e por isso podendo dizer que Cristo não foi um homem.
Tentemos colocar nos lábios de qualquer outra pessoa, mesmo celebridades no correr da história, e algumas tentaram, certas palavras de Jesus, mesmo para largarem tudo e seguir sua missão, como por exemplo estas:
"Todo o poder me é dado no céu e na terra "; " Eu sou a luz do mundo" ; " Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida".
Qualquer pessoa que fizer tais afirmações será chamado de louco. Por que em Cristo elas não produzem tal efeito?
Jesus desafiou seus algozes a apontar nele qualquer falha, tamanha consciência tinha de sua bondade, acresço, de origem divina. Todos silenciavam. Não há perfeição no caráter humano, uns são próximos do bem absoluto, generosos com todos, solícitos, prestativos, solidários, presentes e caridosos; poucos nessa linha. Outros medianos nesta enunciação, alguns péssimos, numerosos, estes dando até mesmo as costas a um irmão ou irmã de sangue, negando-lhes por vezes assistência de que necessitam com urgência.
O Cristo não delegou essas misérias humanas que estão espalhadas pelo mundo de forma pessoal e, principalmente, coletiva, àqueles que são responsáveis pela justiça social no seu mais amplo espectro, omissões pelas quais todos terão que pagar pela justiça por Ele preconizada. Ele não delegou por si caminhos diversos, pois todos são filhos da mesma raiz, razão do mesmo pai. O sinal da diferença é o signo da escolha de cada um. Ele concedeu vida, caridade, amor, caminhos que serão proveitosos ou não e sinalizarão seus registros. Mostrou o que a maioria não segue.) In "A Inteligência de Cristo".
Para conhecer Jesus – afirmou o Papa – é preciso abrir três portas:
Primeira porta: rezar a Jesus. O estudo sem oração não serve. Rezar a Jesus para conhecê-Lo melhor. Os grandes teólogos fazem teologia de joelhos. E com o estudo, com a oração, nos aproximamos um pouco…. Mas sem oração jamais conheceremos Jesus. Jamais! Segunda porta: celebrar Jesus. Não basta a oração, mas também a alegria da celebração. Celebrar Jesus nos seus Sacramentos, porque ali nos dá a vida, a força, o alimento, o conforto, a aliança e a missão. Sem a celebração dos Sacramentos, não conseguiremos conhecer Jesus. Isso é próprio da Igreja: a celebração. Terceira porta: imitá-Lo. Pegar o Evangelho: o que Ele fez, como era a sua vida, o que nos disse, o que nos ensinou e tentar imitá-Lo.
Entrar por essas três portas – disse ainda Francisco –, significa “entrar no mistério de Jesus”. Somente se formos capazes de entrar no seu mistério poderemos conhecer Jesus, “sem medo”:
Podemos hoje, durante o dia, pensar em como anda a porta da oração na minha vida: mas a oração do coração, não a do papagaio! Como anda a celebração cristã na minha vida? E a imitação de Jesus? Como imitá-Lo?
Respondo, sendo verdadeiro e respeitando os próximos em suas liberdades, até o ponto que essas liberdades não cultivem nem lutem, e não contrariem, universalidades e busquem a ausência de liberdade dos outros.
(Desse passo avaliamos a aguçada inteligência do Cristo. Certa vez querendo seus adversários colocar o Messias em dificuldade, de um lado os seguidores de Herodes de outro os fariseus, logo que saída não haveria para o impasse a ser proposto, perguntaram se era legítimo pagar imposto ao Império Romano. Se respondesse afirmativamente estaria indo contra o povo judeu, e os fariseus iriam contra Ele, pois o imposto que resgatavam com grande ressentimento, era a prova da escravidão política em que se encontravam, pagando tributo a uma nação estrangeira. Se consentisse que não deviam pagar imposto, estaria contra os seguidores de Herodes, pertencentes ao partido que sustentava o governo, e seria tachado de revolucionário e que militava contra o Império Romano.
E esperavam todos a resposta certos da falta de opção do Cristo que resvalaria de algum modo em prejuízo próprio, comprometendo sua alardeada sabedoria. Era dificílima a busca de qualquer derivativo satisfatório para o enfrentamento da questão posta ou harmonia do conflito apresentado sem conseqüências para sua decantada cátedra.
Perguntou então o Cristo: Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E Jesus disse: De quem é esta imagem e inscrição? Eles responderam: de Cezar.
E Ele com serenidade e divina maestria sentenciou para os tempos o real conceito de justiça, dizendo: “Daí a Cezar o que é de Cezar e a Deus o que é de Deus”. Mateus, XXII: 15-22. E tendo ouvido isso admiraram-se e retiraram-se os que pretenderam desestabilizar o mestre singular.
Estava pela singela sentença padronizado em síntese perfeita, sem nenhuma condição de alteração, o sentido de que “justiça é dar a cada um o que lhe é devido”, como apregoa Santo Agostinho secundando o ministério superior, incomparável e único do Cristo, a inteligência perfeita. Permanece como fio condutor do ideal de todos que abraçam a realização do bem comum."In, " A Inteligência de Cristo".
Um homem de bem, seguidor do Cristo, não professa nem propugna por doutrinas que restringem a liberdade. É uma forma de abrir a porta que Cristo definiu. A liberdade de escolha legítima, sem excentricidades de escolha do que domina a vontade do próximo. Dai ao próximo o que é do próximo, sua liberdade, sem contrariar a liberdade universal que não fere a própria liberdade.