E se...
E se o dia de hoje fosse o último da sua existência, o que tu farias? Não estou a dizer como se desejasse que fosse seu último dia de existência. Digo como uma possibilidade, apenas. Apenas para refletir como ele seria. Pensaria nas coisas que deixou de executar? Tomaria decisões que preferiu adiar? Você me pergunta, porém, não responde o que lhe indago, o que eu faria nessa mesma possibilidade. Respondo, meu caro, que não faria nada. Não poderia querer fazer algo sabendo que não teria continuidade. Tiraria esse último dia pra mandar cartas. Mandaria cartas a moda antiga: em envelope e com selo. Não recorria às mensagens instantâneas. Cartas, penso, levam um pouco de si a quem se destina. Você, para escrever uma carta, sentou, pegou uma caneta, uma folha de papel e pensou naquela pessoa. Isso, nos dias de hoje, é revolucionário. O tempo está tão requisitado para tantos afazeres, que dar-se um tempo, soa como um privilégio. Então, eu escreveria cartas. Cartas de despedida, de lembranças, de saudades. Talvez escreveria até cartas de amor, embora, sejam ridículas, como já disse o poeta, mas, talvez escreveria. Também escreveria um pequeno lamento, bem breve, curto, sem grandes lamentações. Escreveria lamentando não meus dissabores, amores rompidos ou bandeiras vencidas. Lamentaria por deixar meus amigos. Sou a eles grato por tudo que sou. Sem amigos eu não saberia viver. Então, se hoje fosse meu último dia de existência, faria isso; escreveria cartas. Tu ri? Ok, tomemos o café, amanhã será outro dia.