Como na Índia
Se já não fosse voz corrente, eu faria uma corrente para que corrente fosse: exame de próstata é deplorável; se apontar dedo em riste, em qualquer contexto, é uma grosseria, quando o dedo apontado é do urologista a grosseria tem um calibre muito maior... literalmente.
O exame em si suscita piadas, não só de amigos e de conhecidos, mas também do próprio “examinador”: -Não adianta ficar constrangido, quando o Sr passar pela sala de espera, todos saberão que um dedo lhe foi apontado (eufemismo).
Ainda que de pé, somos colocados em uma posição fetal, num sentido lato, pois todos desejam, naquele momento, ainda não ter nascido, mas fazer o que?
É fato que a velhice nos traz experiências, nos faz experientes, porém, determinadas experiências, nos fazem desejar ser iniciantes, imaturos, e continuar carregando apenas o pecado original, não creio na necessidade de outros pecados.
Além da dor local, dói também, e de forma injusta, a dor na consciência, afinal será um peso a ser carregado, sem que você tenha dado causa a esta carga condenatória.
Tamanha é a carga, que me leva a acreditar que os urologistas nunca fazem o exame em pauta, com certeza eles conhecem bem os danos emocionais que o procedimento acarreta.
O bom senso, por vezes é chulo, e consagra o princípio: Quem tem, tem medo... e pronto, lá vamos nós para a fila, não há como se safar: voltando ao pedado original, aqui também temos que pagar por ele, sem adiantar gritar inocência, ou pedir clemência... todos temos que por isso passar e pagar.
Convicções, tabus, princípios, tudo é derrubado quando nos apontam dedo em riste; como na Índia, onde a vaca é sagrada, no resto do mundo masculino, o ânus também o deveria ser.