SENTIDOS EXTERNOS
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Segundo o psicólogo jesuíta Anthony de Mello, devemos nos alimentar de prazeres naturais, desfrutando da natureza, exercitando os sentidos externos: audição, olfato, paladar, visão e tato. Existe todo um mundo a descobrir, continua Tony de Mello, a partir dos nossos sentidos atrofiados. Em geral se fala em educação física, educação intelectual, educação moral e cívica, mas pouco se fala em educação sensorial. Educação essa para um razoável controle dos órgãos receptores de luz, calor, pressão, sabor, que se transformam em impulsos nervosos, a percorrerem as células nervosas até o centro nervoso, o cérebro, sentido interno, receptor, culminando com o sexto sentido, capaz de perceber o que aos outros escapa.
Dizem que, em terra de cegos, quem tem um olho é rei. Isso porque as pessoas têm dois olhos. Não apenas as leis dos meus olhos são feitas por mim, mas as da audição, as leis do olfato a perceber os odores, as leis do paladar, os sabores. Também as leis do tato correm por conta de quem percebe e valoriza sensações tácteis gostosas. Além disso, o princípio de que nada vai ao inteleto sem que antes tenha passado pelos sentidos.
“Dos luceros”, dois olhos, “que, cuando los abro, perfecto distingo lo negro del blanco”, como canta Mercedes Sosa, dando Gracias a la Vida. “El oído”, dois ouvidos, “que en todo su ancho graba noche y dia, grillos y canarios, martillos, turbinas, ladridos, chubascos”. E, ainda, o som de cachoeiras e vozes ternas, humanas e de animais, desde a ave que gorjeia ao cocoricó do galo madrugador. Com os olhos percebo a luz que ilumina o caminho d’alma, leio de A a Z, regulo “la marcha de mis pies cansados, con los cuales anduve ciudades y charcos, playas y desiertos, montañas y llanos, y la casa tuya, tu calle y tu patio”. Pela audição decodifico fonemas e, pela fala, declaro mãe, amigo, irmão. Sou capaz de rir e de chorar. Sou humano. Meu corpo é de carne e osso, de razão e coração.