Eu sou o suposto de mim mesma

Eu sou o suposto de mim-mesma, sou o recanto da lira autística. Entre mim e mim há grandes diferenças. Eu sou treme das minhas lágrimas. Eu sou a distância do meu coração. Sou meus desejos assolados. Sou a dualidade de mim. Que busca o recanto dos elos. Em todas as madrugadas. Sou o que sou. Na nitidez que me cega De uma viagem metafísica e carnal. E estar sobrevivente de mim mesma. Ao buscar o autismo em ser diferente, deve-se ser diferente. Tudo é diferente. O compromisso espiritual é bem maior.

O que fui nas partidas, sou nas paralelas. O que fui nas músicas originais mudam a minha terapia. Somam os meus dias.

Gostaria de ser menos nítida, menos original. O verniz e o lado de fora ganham todas as paragens. Mas não consigo. Origem por origem, vou levando o autismo até o fim do meu coração, com dignidade de quem não se arrepende de nada. Só quem é mãe sabe a que estou me referindo. Mãe de um autista, bem entendido. E o mundo de expiação e provas continua em seu pelourinho e na sua carnavalização. Será????