terráqueos e lunáticos

Algumas religiões e filosofias acreditam que a humanidade seja na verdade formada de almas reencarnadas vindas de outros mundos, uns mais evoluídos outros menos que a Terra. O Criador aparentemente teria buscado juntar diferentes talentos, entre eles determinação e civilidade, na tentativa de que, inspirando-se uns aos outros, vingasse uma humanidade com a firmeza de caráter e o humanismo almejados pelo reino dos céus.

O que se vê nestes nossos turbulentos dias de adolescência da humanidade parece indicar que tal crença tem fundamento. Fazendo uma grosseira separação, de um lado temos lunáticos que se empenham ou se solidarizam com causas humanitárias e ambientalistas, são contra intolerâncias e discriminações, ansiam por inclusão social, distribuição de riquezas e direitos iguais, apóiam campanhas a favor de animais, das matas e por dietas vegetarianas, são pacíficos e procuram preservar princípios éticos valorizando a equidade, a honestidade, a honra... O defeito maior deste grupo talvez seja a falta de combatividade, de têmpera que seria necessária para defender seus princípios. Seria o tal grupo da “maioria silenciosa”, que vê roubarem e pisarem as flores de seu jardim, mas nada faz.

De outro lado temos terráqueos, para quem a competitividade e o sucesso são as regras fundamentais do planeta. Não medem consequências para atingir suas metas, são sarados, confiantes e guerreiros, são agressivos, egocêntricos e individualistas, depredam o planeta e subjugam animais e outros humanos, são vorazes comedores de carne, consideram natural que pertençam a uma casta superior, que deve dominar a outra classe, esta uma espécie de vassalagem reminiscente dos tempos de escravidão, ainda vigentes. A virtude maior deste grupo seria a garra com que encetam seus empreendimentos, dispostos a tudo para vencer. O defeito maior, a prepotência, a truculência, a ignorância.

Se nos damos conta que parece mesmo que a um destes dois grupos pertence cada ser humano de que temos notícia, convencemo-nos de que a intenção do Criador era mesmo juntar raças diferentes para tentar criar uma nova raça, reunindo seus talentos, a garra e a determinação de uns com o humanismo e a civilidade de outros. Agora perguntemo-nos, a qual grupo pertencemos, ou melhor, a qual grupo pertencem nossas diferentes atitudes? E o experimento divino, visando a evolução da humanidade, está funcionando?

Quero crer que seja cedo para respondermos a estas perguntas. Parece-me mesmo que a humanidade esteja em sua adolescência, em rápida transformação, ainda não sabemos no que vai dar. Se um adulto mais para os terráqueos, se mais para os lunáticos, se uma triste soma das fraquezas de ambos, ou se uma feliz combinação dos talentos de ambos. Este último caso é a expectativa do Criador.

Tomara que esta última alternativa seja a que venha a se realizar! Tomara!

Publicado no blog http://perrengasprincesinas.blogspot.com/2016/