Bola na rede

Pela terceira ou quarta vez em menos de uma semana, fui abduzida para o planeta das mulheres impedidas de gostar de futebol. Machismo talvez? Ou falta de zelo com a temática? Mas, enfim: Nós amamos futebol, sim! É cultural! É colossal!( há exceções)
Se há algo capaz de juntar multidões sem nenhum esforço é o futebol. Um esporte apaixonante, intrigante, populista fonponto de vista da seletividade.
Aproximadamente 270 milhões de pessoas chutam a bola em algum lugar do mundo (neste momento) em busca de um resultado favorável para um dos lados que, deslocam de posições contrárias, a fim de mirar uma trave com rede e gritar Gol! Já viu alguém comemorar um gol sem um grito advindo da alma que supera qualquer possibilidade de reação, inclusive motivando a nossa também ação? É uma "coqueluche" por osmose, uma virose contagiante, um sopro de ânimo, sei lá, não dá pra explicar, se sente!
Há quem diga, com propriedade intelectual como um filósofo argentino que o futebol é coisa de "estúpido” mas há ao contrário, aqueles que se superam na afirmação de que há amor, puro amor, na "condução coercitiva da bola" para o Gol (faço parte deste time).
É Copa do Mundo! É Olimpíadas. Campeonato internacional, nacional, municipal, colegial, de vizinho, de amigos do gole. É bola rolando, o tempo passando, a emoção aflorando, o povo cantando, até que Gol!
Se até para a Síria tão sofrida no cenário de guerra uma Copa do munfo representa um breve alívio, quem dirá para nós, engessado povo que vive num país democrático e cuja designação (até a ultima copa) era de País do Futebol...
Que os melhores jogadores recebem salários altíssimos e que possuem um status de dar inveja é indiscutível, apesar de sonegarem impostos (ou terem a maioria perdoados);

Que Copa do Mundo no Brasil foi avassaladoramente corrupta e corruptível quanto à infraestrutura e que colhemos as flores murchas dos crimes do "colarinho branco" é notório, mas isto não elimina a beleza estonteante da camisa amarela sendo carregada de lado a lado, nos quatro cantos deste Brasil varonil;

Que temos milhões de pessoas na fila do SUS esperando uma vaga para tratamentos de alta complexidade e outros milhões não conseguindo sequer marcar uma consulta de rotina, mas não podemos dizer que isto se deu por causa da copa ou do futebol, mas por causa de atos inescrupulosos daqueles que nos representam no poder;

Em contraponto temos meninos brasileiros que viviam nas favelas, sendo criados sem pai (no sentido nato da palavra) e que hoje são ovacionados, amados, respeitados pelo seu talento. Isso é futebol, isso é bola na rede; isso é Gol!

Temos também aqueles meninos cujos sonhos foram assassinados por uma irresponsabilidade coletiva, de quem vê o futebol como troféu e as pessoas como meros aspirantes que poderiam viver dentro de uma latinha de sardinha (sobre a tragédia no bico do urubu); mas na direção contrária segue o Galão da Massa com com um centro de treinamento invejável, capaz de fazer cócegas até num gigante.

As bolas na trave de uma parcela mínima de poder delegado, não pode apagar o Grito de Gol enfurecido, engasgado, travado em cada campo, de cada campo, por cada campo;

Um escanteio mal marcado tira dos pés ( das mãos ou da cabeça) um grito de gol, mas jamais define sozinho um placar...

“Bola na área sem ninguém pra cabecear” também é ritmo e dita partida.
E a “bola na rede pra fazer o gol” é sonho e neste contexto, quem nunca?
“Quem nunca sonhou em ser um jogador(a) de futebol”... Apite o fim do jogo! E “não altera o placar”.
Isto é futebol! Bola rolando... o... o... De olho no lance... Seguraaaaaa!!

PS: Ao Skank, banda mineira de pop rock, a minha gratidão por cantar os nossos sentimentos. É lindo Samuel, é lindo!
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 27/03/2019
Reeditado em 27/03/2019
Código do texto: T6608925
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