Vale dos Ipês - BVIW
A trovoada tilintava os vidros das janelas, os raios emitiam um clarão no sótão, e no meio da escuridão a porta rangiu. Era uma casa antiga, de dois andares, oito quartos, piso de sinteco, janelas de vidros e cortinas de voil. Elas pareciam bailarinas dançando ao som dos uivos do vento. Em um dos cômodos dormia Thiago Gerebinha, um engenheiro mecânico, recém-chegado no local. Viera a trabalho para consertar as turbinas do parque eólico, do vale dos ipês, que pararam de funcionar. O lugar é bucólico, tem um lado mítico e misterioso, e reza a lenda que uma linda moça, chamada Aline Kelly Gel, desapareceu no vale depois de perder o seu amor. E toda vez que chove, o espirito dela tenta voltar. De repente, o telefone tocou e Gerebinha acordou no susto para atender, desligou com a expressão de raiva. No seu primeiro dia, já estava atrasado para a reunião com os trabalhadores. Mas antes de sair ouviu um barulho, daqueles que dão arrepios, vindo da cozinha. Tomado pelo medo da lenda imaginou, que a tal moça perdida estaria tentando se conectar. Com o corpo tomado pela adrenalina, pernas bambas e coração acelerado correu para verificar. Para sua surpresa, não tinha nada lá, só um galho de árvore, que brincava de bate-bate na veneziana da janela, enquanto a chuva caía.