MANHÃ DE INVERNO II
MANHÃ DE INVERNO II
O frio chegou, finalmente... E estou me recuperando de uma virose, como quase todos nesta cidade do Rio de Janeiro, mesmo tomando a vacina antigripal dos idosos.
O carioca não gosta de frio. Não estamos acostumados aos agasalhos. Costumo ver muita gente na rua, de casaco e bermudas ou shorts. Eu acho exótico, mas não deixa de ser criativo e peculiar.
Hoje, sem compromisso pela manhã, senti, novamente, a vontade de me aquecer ao sol.
Lembrando-me da crônica da Escritora Heloísa Seixas lida na véspera, acomodei-me numa poltrona confortável, e embora toda agasalhada, relaxei e deixei-me abraçar, por inteira, pelo astro-rei.
Tantas vezes olhamos e não vemos... Muitas vezes ouvimos e não escutamos. Isto acontece por causa da nossa limitação humana. E assim, deixamos de usar o nosso sentido maior: o do nosso coração, o da nossa sensibilidade. Deixamos de sentir, de nos envolver com a realidade que nos cerca. E toda essa riqueza escorre de nossas mãos e se perde com a rotina do dia-a-dia.
Mas hoje, eu fiz uma experiência diferente. Por uns 30 minutos fechei os olhos e procurei sentir a realidade através dos sons.
E foram muitos os sons:
. O do martelo ou a bigorna, na mão do operário...
Com certeza há uma obra por perto.
. Uma buzina, barulhos de motores de carros...
Não muito longe, há ruas de trânsito pesado.
. Latidos, gorjeios de pássaros, barulho de asas alçando voo...
São os pombos voando pelos telhados.
. Até um helicóptero passou, com o seu ruído característico...
Será que era um passeio ou uma ronda no morro?
E o calor aqueceu-me por inteiro. Também de dentro para fora, como um remédio que alivia e cura.
E agradeci a Deus porque não houve som de tiros,
nesta abençoada manhã de inverno...
Em 11/07/2005