DONO DE NADA
Como é estranho! De repente tenho medo do fim de semana, aquele mesmo, que chegava, passava por mim tão rápido quanto hoje, mas me sobrava, me entediava para ser honesto. Preciso explicar esse medo, que não é bem medo, é aflição de saber que o fim de semana chegará e passará por mim da mesma forma que sempre passou, mas agora me dói, me machuca, porque passa tão depressa, e vejo o sol nascer e se pôr com uma velocidade incrível e assim vai o sábado e com o domingo não é diferente e esse é ainda mais dolorido, porque precede a segunda-feira, que me aterroriza e me manda seguir rumo aos meus compromissos, que já não os quero tê-los, mas deles ainda sou escravo. O que quero é deitar numa rede e ver o tempo passar bem devagar, quase parando e eu a curtir cada momento, cada minuto do dia em que me fará de novo dono do meu tempo, dono de mim mesmo.