Ainda sobre o litoral

Hoje o vento litorâneo me fez sair mais cedo da cama; primeiro veio a chuva, muito forte e depois o vento. Quem mora por aqui sabe conviver com o mesmo, assoviando pelas frestas das janelas e portas. Mas eu, mesmo tendo origem marisqueira, pois sou de Torres, não fui criada por aqui e acredito que esqueci um pouco do assoviar dos ventos nas noites praianas. Daí, em torno de 04h35min, fui dar uma espiada pela janela para ver se uma areia que lá está depositada no pátio, para uma pretensa obra, não teria sucumbido, levada pelas águas. Lá estava ela, coberta pela chuva que emendava as duas calçadas e em consequência a rua inteira como se fosse uma coisa só. A areia? Vi-a pela janela... parecendo intacta, e depois de baixadas as águas , concluí o seguinte; a areia é muito mais unida do que as pessoas pois se agrupou de tal forma na hora da enxurrada e permanece, quase inviolada aguardando seu destino final que será fretachar paredes que foram carcomidas pela maresia típica da nossa região.