Tradições...

Sabe aquelas tradições que a sua família sem nem saber direito o por quê, mas que eles são doidos pra vê-las repetidas? Aquelas coisas meio repetidas que seu avô fez, porque seu bisavô também e por aí afora? Pois é, alguém já tentou entender isso? Ou pelo menos refletir sobre essas reflexões? Seria no mínimo, interessante...

Por exemplo, a noção de "felicidade". Para os pais, nascidos até os anos 60, 70, o ideal de felicidade se situa em ter um bom emprego, que pague bem, casar e ter filhos. De preferência, em um modelo padrão: homem e mulher. Se a pessoa foge desses modelos, lascou-se. Mas, claro, a geração que veio depois cabe questionar e reinventar esses padrões.

Os filhos dos anos 80, 90 já pensam um tanto diferente. Felicidade não se resume somente em ter um emprego que pague suas contas. Felicidades pode estar nos pequenos encontros, nos devaneios simples do cotidiano e, para uma quantia cada vez maior das pessoas, em fazer viagens. Muitas vezes sem roteiro, só com um destino para descobertas incertas. Para pessoas assim, pouco importa um roteiro pré-definido e estabelecido. O que vale é a caminhada, a descoberta. Encontrar novas pessoas também alheias aos padrões, soltas em meio às multidões.

Pessoas assim que geram falas do tipo "caramba, você já tem mais de 30 e não quer casar? Não pensa em ter filhos?". A contra-resposta de quem está na maioria. Questionar e descreditar os diferentes. Uma resposta simplória pra manter o status quo, porque mudar exige sofrimento, desprendimento e criatividade. Ir contra a maré não é uma atividade das mais fáceis, mas certamente é uma das mais necessárias, sobretudo para a geração que sucede a anterior.

Todavia, nem tudo o que os nossos pais passam deve ser descartado, pois se você se torna uma pessoa X, Y ou Z, certamente que teve o dedo deles te influenciando e você nem notou. Tratar bem ao próximo, saber dialogar, estudar e buscar os seus direitos. Tudo isso pode parecer um "lugar comum", mas ensinar a alguém é ser simplesmente F*! Isso, nem todos os pais fazem.

Em todo caso, eu fico com os diferentes, os inovadores, aqueles que tentam buscar uma terceira via, que ninguém percebe, mas lá estão, esperando para serem descobertas, encontradas, desdobradas. Nem todo mundo nasceu pra ser pai, pra casar de terno e gravata e fazer comercial de margarina. Alguns simplesmente querem perambular por aí e cantarolar histórias e versos dos mundos que viu e verá. Simples, assim.

Andarilho

Rousseau e o Andarilho
Enviado por Rousseau e o Andarilho em 23/03/2019
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