NOBEL DA ESPIRITUALIDADE. CIÊNCIA/RELIGIÃO.

O físico e astrônomo Marcelo Gleiser ganhou o Nobel da espiritualidade como cientista. O Prêmio Templeton destina-se a líderes espirituais e religiosos como Dalai Lama e Madre Teresa de Calcutá, que foram agraciados.

“Para mim, a ciência é um portal para o grande mistério da nossa existência. A gente quer saber como o universo surgiu, como o mundo surgiu, como a vida surgiu, qual o futuro da humanidade."

No Dartmouth College, em New Hampshire, Estados Unidos, onde leciona, se volta para esses grandes mistérios cerrados aos olhos humanos. Mas ele crê não estarem essas questões barradas ao observado em pesquisa, as questões não estão limitadas ao que se descobre em laboratório."

É um baluarte a demonstrar que ciência e religiosidade andam juntas e não se excluem, há complementariedade, uma necessita da outra.

Remete o físico à incontestável realidade:

“A gente tem que entender a ciência, a religião e a filosofia como caminhos complementares com os quais a gente, como humanidade, tenta entender quem é”.

Reflito nesse diapasão em assertivas e dimensionamento de grandes cérebros em meu livro “A Inteligência de Cristo”, sic: “Mas é nessa arena de pesquisa sobre o problema de Deus e os ensinamentos de seu Filho, que são colocadas essas questões com suas consequentes projeções para a humanidade como se tenta configurar, e que aflora clara, desde que discutida com sinceridade e apuro, a teoria da causalidade superiormente colocada por Aquino. É ela, “as cinco vias aquinianas”, que fraciona, resolvendo, a grande procura. No seu sedutor envolvimento como homem interiorizado indica Gandhi: “A Verdade é Deus e Deus é Verdade. A soma de tudo que vive é Deus. Podemos não ser Deus, mas somos de Deus, assim como uma pequena gota de água é do oceano”.

Padre Leonel Franca, o clássico escritor de vastíssima obra, em seu livro “O Problema de Deus”, ressalta que “No centro de todos os problemas humanos, inevitável e denso de consequências infinitas, coloca-se o problema da existência de Deus. Questão primordial, em todas as outras influi por essencial, e delas todas as demais radicalmente dependem.”

E por quê?

Responde Adolfo Levi, da Universidade de Pávia, professor de filosofia incrédulo que não conseguiu afastar de si o mundo das realidades, o Absoluto intangível, não podendo de forma alguma descansar nas certezas de suas negações e, confessa: “A minha dúvida é sobretudo tormentosa e dilacerante porque me deixa sem resposta em face do drama da vida e da morte, dos problemas da dor e do mal e não me permite afirmar nem mesmo supor que as lutas e os sofrimentos dos seres vivos tenham uma finalidade e uma razão de ser, que a existência possua uma significação e um valor.”

A ciência explica nos seus restritos limites alcançados por seus métodos, explica mas não totaliza nem pode totalizar suas explicações.

Confissões doloridas como a do filósofo Levi entreabrem a porta do que a inteligência mostra como problema primeiro da vida; é questão racional de ordem. Compreende quem exaure o processo cognitivo, de conhecimento puro, sem tocar, contudo, no privilégio incomunicável da Inteligência Infinita, pois não é dado tocar.

Diante do segredo do universo, de seu enigma, que pede uma solução explicativa, a ciência sucumbe totalmente incapaz. Não bastam as posições alcançadas. Sobre tal estado de fato, bem disse Pierre Loti: “A verdadeira ciência já não tem a pretensão de explicar que tinha ontem. Cada vez que um pobre cérebro humano da vanguarda descobre o porquê de alguma coisa é como se conseguira forçar uma porta de ferro, mas para abrir um corredor mais sombrio que leva a outra porta mais selada e mais terrível. A medida que avançamos, adensam-se o mistério e as trevas e o horror aumenta.” Excertos de meu livro "A Inteligência de Cristo".

Em um de seus fantásticos livros, “A SIMPLES BELEZA DO INESPERADO”, pontifica Gleiser:

Essa devoção multifacetada, essa busca por uma conexão com algo muito mais vasto do que posso aprender, só pode ser considerada uma expressão de amor. Eisntein a chamava de experiência do mistério, “a emoção cósmica religiosa”, que, para ele, é a mais profunda que podemos ter, algo de inefável, que sentimos ao apreciar a vastidão da criação”. A meu ver, essa é a mais pura forma de espiritualidade, a profunda emoção que sentimos ao vivenciar nossa conexão com o Universo. Da natureza viemos, na natureza existimos, para a natureza retornamos. Talvez esse possa ser meu epitáfio”.

Em boas mãos o Prêmio Templeton, que liga a espiritualidade à ciência, tudo banhado pelo ato de compreensão que se origina do amor, força que impulsiona e move toda a natureza. Ninguém deve deixar de ler seus livros, " A Ilha do Conhecimento", "Criação Imperfeita", " A Dança do Universo", " O Fim da Terra e do Céu".

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 23/03/2019
Reeditado em 23/03/2019
Código do texto: T6605271
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