A Aventura (reeditada)
Já é outono e nem me apercebi, mas ainda é tempo de republicar aqui algumas palavras que casam bem com o momento.
Ela era uma das últimas que se mantinha firme em seu lugar. Observava suas iguais a caírem uma por uma num voo irregular e não muito longo em direção ao chão. Já apresentava uma certa palidez em suas cores e sabia que, logo logo chegaria sua vez de ir juntar-se a elas. Ocupava um lugar privilegiado no topo da árvore, o que talvez explicasse por que ainda não havia caído.
De lá de cima avistava, por entre os galhos nus, o enorme e macio tapete que se formara ao redor do nodoso tronco. Sabia que seu destino era fazer parte daquela obra de arte, de cores que iam do amarelo claro ao marrom escuro.
Um dia, o dia amanheceu nublado e um céu cinzento prometia que a tão esperada chuva estava para acontecer. O vento soprava forte e numa de suas rajadas o inevitável se deu, como já estava previsto há dias, e a natureza não costuma deixar para amanhã o que pode fazer hoje.
Ela já se conformara em ser parte daquele tapete, mas algo mudou a sua trajetória, o vento soprou mais forte ainda levando-a em direção a um riacho que murmurava ali perto. Ao cair nas águas elas a levaram para lugares nunca vistos antes, numa aventura maravilhosa para aquela pequenina FOLHA.