Liberdade, ainda que tardia

Então a pessoa resolve se libertar, pensa que pode tudo, que dá conta de tudo e sai bem faceiro da vida rumo a Santa Catarina.

SQN - só que não!

Logo de cara, pede para os filhos que moram, metade pra cá e metade pra lá de Imbituba, para não o deixem só no final de semana. Promete comidinhas especiais, tipo: pastéis feitos na hora, camarãozinho, peixinho e, claro, a ceva bem gelada. Em troca a filha fará uma das sobremesas preferidas da pessoa – chico balanceado, atendendo também o mano, que não gosta de banana e ganhará um pratinho só com o creme. E como grande final, um lanche no point da praia da Vila Nova.

Olhem que momentos meigos, cheios de amor, compreensão, salgaduras e doçuras!

Mas, o que a pessoa não sabe, não vivencia, não tem noção é a realidade do trabalho da casa – limpar, lavar, cozinhar, sujar, limpar, lavar de novo..., todo o santo dia.

E dai a pessoa fica no watsap aos berros perguntando quando a outra metade vai chegar. Se já comprou a passagem, que está cansado da vida doméstica, que não nasceu pra isso e blábláblá, buábuábuá...

Mas espera ai um pouquinho, a pessoa está nessa situação somente seis dias, não pode estar doendo tanto assim. Calma que vou chegar, mas não se esquece de passar a valorizar mais o trabalho doméstico tá?!

A tal – liberdade ainda que tardia - seiiii

Tânia França
Enviado por Tânia França em 19/03/2019
Reeditado em 26/03/2019
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