Imprensa cuidadosa!
Surpreendo-me com a surpresa da imprensa ao noticiar algum descalabro público. Penso no primeiro momento: ou são cínicos ou ingênuos! ...Dando uma notícia dessas com essa cara de repórter suísso! É como se o Brasil que conhecemos, das bolas, guaranás, jeitinhos, falcatruas, pistolões, afilhados, peixes, protegidos, costas-quentes, “dos mesmos”, dos tocos, das molhadas de mãos, dos “você sabe com quem está falando?”. O Brasil dos coronéis, da descarada separação de classes via exclusão econômico-cultural, dos currais eleitorais pela manutenção da miséria etc., etc., não fosse aquele do noticiário ou mesmo dos jornais.
Certamente me ocorre que os órgãos de imprensa têm pelo menos dois motivos para serem tão “lights” em suas posturas: como o país é esse mesmo, o rabo preso pelos patrocínios da própria veiculação deve ser um. O outro motivo, este mais respeitável, seria o ônus da prova de cada caso noticiado.
Evidentemente quando se trata de um João Ninguém esses “cuidados” são relegados ao estilo imprensa marrom, onde toda aquela saia justa é completamente esquecida.
Mas a imprensa é como amostra grátis: você aceita ou por educação ou por necessidade.
Quem sabe algum dia teremos a verdade límpida doa a quem doer?