A insegurança do adeus
Diante de todas as notícias tristes e devastadoras só nos resta o receio de vivermos o dia, o hoje, pela última vez. Nós não sabemos como será o nosso último respiro ou última chance de estar perto de quem amamos com todo o nosso coração.
E é nessa incerteza que reside nossa aflição por não saber quando o nosso “até logo” é na verdade um “adeus”. Os tempos difíceis que andam se revelando diante de nós, provocados por quem se esqueceu do poder do amor, nos fazem sentir insegurança.
Podemos pensar que controlamos a nossa rotina, nossos sonhos e planejamentos, mas, por infelicidade ou não, nós precisamos conviver com a insegurança do adeus. É parte indissociável de nossa vida. E os tempos são difíceis e nossa insegurança cresce todos os dias. Nas ruas, no trabalho ou em casa, a gente vive com medo de receber o telefonema avisando sobre a tragédia ou até mesmo não receber o telefonema de quem deveria ter ligado, mas que agora foi levado embora para sempre.
Estamos presos em dias banhados pela insegurança do adeus. Não sabemos e não queremos acreditar em muita coisa que lemos, sabemos pelas notícias tristes e pensamos que poderia ter acontecido o mesmo com nossa família, conosco. E, nessa insegurança, reside nosso temor em viver, em sair de casa, em se despedir de quem amamos sem as palavras certas para traduzirem nosso amor. Precisamos continuar. Nossa convivência com a insegurança do adeus será ainda constante, porque o amor está esfriando e quando isso acontece, o trágico faz morada nos dias, instantes e horas de nossos dias.
Não nos sentimos poderosos para mudar. Mas acreditamos que o amor e um coração ousado para amar são os elementos de uma receita química que alguns arriscam ainda em fazer. A insegurança do adeus é triste, é cansativa e é desanimadora para qualquer coração humano, qualquer pessoa que preza pela vida. O instante é o agora, é a sua chance de dizer te amo, é o segundo que deixa você se despedir de quem ama sem medo de ser a última vez.