A Vida de Um Novo Baiano

Acostumado com a calmaria de uma pequena cidade do interior de São Paulo, sem praia, sem batuque e sem o sorriso sincero do soteropolitano, confesso que a minha nova vida na cidade de Salvador tem sido uma descoberta a cada dia. No início deste ano, mudei-me com a minha esposa e três filhas para a capital baiana e, logo, me apaixonei pelo que tenho vivido. Moro no bairro da Graça, que, aliás, é realmente uma graça! Tenho me surpreendido com a simpatia das pessoas e com a facilidade de dar uma boa gargalhada com um desconhecido que, vez ou outra, brinca de maneira descontraída sobre qualquer assunto. Depois que vim para cá, acho que o Brasil é feliz, acho que tudo tem jeito, e que era apenas eu quem estava olhando de maneira errada.

Ainda preciso estudar um pouco mais o “baianês”; palavras como “barril”, “lasquinê” e expressões como “lá ele” ainda me deixam confuso, mas a verdade é que o povo baiano tem um jeito único de se comunicar e uma expressividade que até então eu não conhecia! Desde que cheguei por aqui, não houve um único final de semana em que não fui à praia. Vou com as minhas filhas mais velhas (5 e 3 anos) que amam curtir a praia do Farol da Barra, principalmente pela manhã quando a maré está baixinha. Às vezes me pergunto: “será que eu preciso mesmo ir à praia hoje?” A resposta é sempre sim, e enquanto a negativa não vem, sigo curtindo essa cidade deliciosa.

Algumas coisas incomodam um pouco um recém-chegado como eu, mas nada absurdo que não dê para contornar. As buzinas! Como o povo baiano gosta de usá-las no trânsito. É assim sem o menor critério, buzina para ultrapassar, para xingar, buzina junto com a seta; enfim, buzina para avisar que vai buzinar. O atendimento também deixa muito a desejar. Obviamente que há lugares e pessoas em que o atendimento encanta, mas, infelizmente, são a minoria. Se, por um lado, o povo baiano é solicito e sorridente em situações ocasionais, o mesmo já não acontece nos atendimentos comerciais. Sinto-me sempre como se estivesse pedindo um enorme favor, às vezes até tenho medo de pedir alguma coisa e ser ofendido. Eu sei, talvez até um certo exagero da minha parte, mas o fato é que é assim que se sente alguém que vem de fora.

No mais, tudo é lindo. Voltar para São Paulo? Deus me livre! E por quê? Porque eu amo Salvador, amo a Bahia, seu povo, sua culinária, suas praias, seus batuques. Tudo aqui tem um jeito de felicidade, algo que dificilmente se encontra em outra capital do Brasil! Sabe por quê? Porque só aqui tem a baianidade.

Pedro De La Rosa
Enviado por Pedro De La Rosa em 18/03/2019
Reeditado em 03/01/2024
Código do texto: T6600966
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