Um Certo Casal no Trânsito

Um casal de meia idade, que mora em um dos bairros da Cidade Maravilhosa se prepara para passar um fim de semana na casa de um dos filhos, que mora na Região dos Lagos. É apenas um final de semana, mas o pobre do marido já está até com dor nas costas, de tanta mala que coloca no carro; coisa de mulher.

Eles se acomodam no veículo, colocam o cinto de segurança; o automático do portão é acionado. Mas quando o marido engata a primeira marcha, e o veículo começa a se movimentar para sair da garagem, a esposa começa a falar ‘por entre os dentes’: “Não vai dar... não vai dar... você vai bater no portão”

Eles saem daquela rua tranqüila onde moram, e antes de entrar em uma movimentada avenida, a esposa quase que gritando diz: “Olha o quebra-molas, olha o quebra-molas, parece que você está cego”. Ele, no susto, quase que pisa no freio; diminui a velocidade, e entra na avenida. Não são percorridos nem cinco quilômetros, quando ela batendo forte na sua perna grita: “-Olha o pardal, olha o pardal. Tá afim de levar uma multa?”. Ele diminui a velocidade e segue em frente. À certa altura, eles saem da avenida e entram em uma rua de acesso à rodovia, e ela grita novamente: “Olha o sinal, você não tá vendo que já está no amarelo; não vai dar prá passar...” Logo adiante ela, mais uma vez batendo em sua perna grita: “Cuidado! Olha a lombada!”.

Até que entram na rodovia. Então ela dá-lhe uma cutucada, e diz: “-Agora você tem que prestar muita atenção é nos ônibus; porque esses motoristas de ônibus de estrada não costumam respeitar ninguém...”

A viagem prossegue até que ao passar por uma cabine da Polícia Rodoviária, ela o cutuca mais uma vez dizendo: “-Abaixe os vidros e diminua a velocidade, senão eles vêm atrás de nós.” E assim continuam a viagem por um bom tempo.

Até que em certo momento, eles pegam uma grande reta, e a mulher cochila um pouco. Ela só acorda com o som estridente de uma sirene. Era um policial rodoviário que fazia sinal para que encostassem o veículo. O policial, delicadamente, falou: ”-Bom dia senhor; os documentos do veículo, por favor”. Enquanto o marido pegava os documentos para apresentar ao policial, ela foi logo dizendo: “Pois é seu guarda; desde que saímos de casa que eu venho tentando controlar ele, mas parece que não tem jeito não, ele é um cabeça-dura mesmo. Estava voando, não estava?” O guarda, fingindo que não tinha ouvido, foi até a parte traseira do veículo, verificou; foi à frente e fez a mesma coisa. Mas enquanto ele checava a documentação, a mulher não parava de falar, repetindo sempre sobre a maneira como procurava controlar o seu marido na direção do automóvel. E depois de muito blá-blá-blá, ela ainda acrescentou: “-Ele é assim mesmo seu guarda, eu canso de falar com ele, é o dia todo eu tentando colocar as coisas certas para ele, mas parece que ele não me ouve nunca; é nisso que dá...” O guarda, devolvendo os documentos ao homem, pondera: “-Ele só estava uns poucos quilômetros acima do permitido; é só aliviar o pé um pouco... Uma boa viagem ao casal”. A mulher, colocando as duas mãos nas cadeiras, pergunta: -“Ué? O senhor não vai multar ele não, seu guarda?” O guarda, montando em sua moto, dá um leve sorriso, ajeita o capacete e antes de acelerar para sair, responde: “- Minha senhora; por ter se casado com a senhora, ele já está multado pelo resto da vida!”