No Vaza-barris
Nos Sertões, no capítulo Últimos dias / Baixas - Euclides da Cunha cita o fato que considera como o ÚNICO gesto de heroísmo digno deste nome que ele presenciou em Canudos: O Major Henrique Severiano, comandante do 25º, ao ver uma criança debater-se entre as chamas, afrontou-se com o incêndio, tomou-a nos braços e, aconchegando-a ao peito, salvou-a.
Que escritor, que Ser Humano era Euclides!
Bom, teve o caso de Piedade, teve coisas humanas em sua vida, posto ter sido Euclides da Cunha um grande Ser Humano e não um E.T, aliás, dentre as inúmeras situações que me encantam em os Sertões, há um trecho onde ele comenta que os soldados invadiram o arraial e, sob um céu azul da mais absoluta passividade, quebraram todos os santos que encontraram pela frente. Meu amigo Boechat (não, eu não conhecia Ricardo Boechat pessoalmente, mas ele “falava” comigo todas as manhãs de uma maneira tão singular que era como se fossemos amigos chegados) assinaria esta constatação euclidiana. Ainda sobre Boechat, o seu desparecimento prematuro aumentou minha lista dos que deixaram saudades; daqueles insubstituíveis. Jô Soares é outro, que felizmente não”desapareceu”, mas foi retirado do ar pela idiotia televisiva, deixando um número incontável de desconsolados apertando o controle remoto nas madrugadas insossas de agora.
Vaza-barris, ah esse rio! Rio que desde meu primeiro contato com Os Sertões banha minha vida e de muitos outros que navegam / navegaram nessas águas, mas, claro, falo do Vaza-barris mítico, aquele que banhou os Jagunços e as Praças, que lavou o sangue de Canudos. Penso que o compositor Gereba Barreto é um desses, afinal tem todo um trabalho sobre Canudos, incluindo a surreal “As corredeiras do Vaza-barris”, mas não falarei mais de Canudos neste texto, porque Gereba já disse que a História fará justiça à figura de Antônio Conselheiro.