O DOM E A CARIDADE.
"A caridade na verdade coloca o homem perante a admirável experiência do dom. A gratuidade está presente na sua vida sob múltiplas formas, que frequentemente lhe passam despercebidas por causa duma visão meramente produtiva e utilitarista da existência.” Bento XVI.
É surpreendente mas irrespondível, sem admitir contrariedade. O dom tem presente a doação do ser humano aos seus iguais .
A escolha com a vinda da consciência traz as alterações.
O sentido do egoísmo na história tem sido avassalador retirando direitos e massacrando dignidades. Nisso se inserem as políticas e ideias que procurando fictamente em retórica caricata o bem, encontra o mal e esvazia resultados.
O sentido exclusivista e utilitarista humano em grau maior concentra esse espólio péssimo deixado no mundo das teorias políticas e das ideias como um todo. E vamos caminhando entre a fome, as desigualdades, a retenção de direitos e a diminuída distribuição de bens mínimos, enfim, a ausência da realização social que vem expurgando muitos do banquete da natureza e favorecendo poucos.
Esse utilitarismo egocêntrico esbarra em equações do pensamento que estabelecem as divisões necessárias. Ninguém é ou um dia será igual a outro. Todos são diferentes.
"NÃO POSSO ANTEVER, O DIA EM QUE NENHUM HOMEM SERÁ MAIS RICO QUE O OUTRO. MAS POSSO IMAGINAR O DIA EM QUE OS RICOS REJEITARÃO ENRIQUECER À CUSTA DOS POBRES, E OS POBRES DEIXARÃO DE INVEJAR OS RICOS. MESMO NO MAIS PERFEITO MUNDO IMAGINÁVEL SERÁ DIFÍCIL EVITAR DESIGUALDADES, MAS PODEMOS E DEVEMOS EVITAR CONFLITOS E AMARGURAS."
Mas qual a razão de muitos não perceberem tais evidências?
A paixão não anda de braços com a ciência, nubla o entendimento, ensombra a compreensão, apaga a percepção, aniquila a inteligência se existente.
De par com essas certezas a vontade ansiosa, por vezes legítima e até elogiável, dá saltos em direção ao idealismo que subverte a realidade. Chega a admitir a supressão da liberdade.
É o caso das mentes demasiadamente idealistas e conectadas com visão unilateral.
O ser humano está feito para o dom, que exprime e realiza a sua dimensão de transcendência. É necessário perceber esse trânsito menor que está sob nossos pés enquanto caminhamos no planeta, não é esse o único destino, pertencemos como forma à terra, e como imaterialidade à eternidade.
Pensa ser o homem, pretensiosamente, o único autor de si mesmo, da sua vida e da sociedade, diz Bento XVI,
Mesmo na interpretação dos fenômenos sociais , “ignorar que o homem tem uma natureza ferida, inclinada para o mal”, como diz Bento XVI, alimenta sérios e graves erros no âmbito da educação e da política.