Armas nas escolas


          Os valentes, quanto mais têm coragem, menos precisam de armas... Contudo os medrosos, quanto menos têm coragem, mais se apegam às armas e criam por elas uma verdadeira idolatria e, quando jovens, escrevem nos cadernos escolares, como em caso recente: “eu amo arma”, e por lá “I love the gun”... Nos Estados Unidos, vê-se o exemplo, nas inúmeras escolas atingidas por esse diabólico fenômeno: Mentes adoecidas por problemas familiares e por esses estimuladores entram nas salas de aula ou nos parques de recreação, carregando armas e munições que facilmente são compradas em qualquer esquina ou em algum shopping. Aqui, a essa juventude, tem sido mais usual falar do “dever de se ter uma arma” do que de se adquirir e ler um livro. E por lá, quem preside tal loucura chegou a apresentar como solução, contra a violência na escola, entregar armas aos professores para eles se protegerem de eventuais ataques ou defenderem seu lugar de trabalho.
          É revoltante ver, na televisão, esse repugnante cinismo de políticos, que apregoam desmesurada fabricação e facilitada comercialização de armas, lamentarem a tragédia na Escola de Suzano; simulando que estão chorando, eles reconfortam os pais dos alunos assassinados e prometem maior segurança e pagar R$ 100.000,00 por cada estudante morto: só pensam nisso, no lucro, no dinheiro... Assim como aqueles dois alunos planejaram o massacre; eles planejam como melhor lucrar junto à fabricação e à comercialização de armas; e na circunstância da tragédia, simulam nada ter em a ver com tais crimes.  
          Aristóteles nos ensinou que cada coisa foi feita tendo uma finalidade que lhe foi causa. Quando se dá um lápis a um estudante, espera-se que ele vá escrever; um livro, que ele leia; um guarda-chuva, que ele se proteja da chuva ou do sol. E um revólver? Daí, concluir-se, pela lógica, que cada coisa tem, dentro de si e na sua forma, a finalidade para que foi feita. Se o garfo para espetar, a faca para cortar; o revólver foi feito para atirar... Enfim, nesse mundo de violência, em vez de uma coragem desastrosa, bem melhor talvez seja o medo ou a prudência às ações de equilíbrio. Geralmente, os “valentes” virulentos preferem a comodidade do uso da força à providência racional da destemida coragem.